Arquibancada
Conheço bem nosso tamanho. Sei exatamente onde me colocar neste contexto do futebol brasileiro. É possível dividir em três fases. A primeira, dos longos anos sob comando de Evangelino Neves, o eterno Chinês, o maior de todos os presidentes que tivemos, mais ídolo que muito jogador, personagem de muitas histórias. Mesmo assim, Evangelino terminou seus anos de glória em declínio e desprestigiado por muitos. Sinal que o futebol é mesmo cruel, mas no Coritiba em especial.
É que no Coritiba, não há espaço para pensamento pequeno, mesmo que seja possível entender o seu tamanho no contexto nacional nos dias de hoje.
Os dirigentes da era pós- Evangelino, vieram com outras filosofias, porque o futebol já exigia, mas sempre ostentaram e pregaram o Coritiba entre os grandes do futebol Brasileiro.
Mesmo depois de Evangelino, tivemos grandes momentos, mas o conceito de grande no futebol de hoje, especialmente no Brasil, precisa passar por outros critérios de avaliação. É que os chamados grandes, muitos carregam apenas o nome (a grande maioria). Grande mesmo são uns três ou quatro e mesmo assim, isso acaba sendo cíclico, porque na temporada seguinte, no ano seguinte, muitos deixam de ser grandes, caso do Cruzeiro, Inter, Grêmio e Atlético Mineiro. Ainda muito maiores que nós, sim, mas já sem poder de fogo como tiveram na temporada passada. Já não são tão grandes assim. A diferença não é anos luz, como foi.
Tivemos anos de glória conseguindo ficar entre os cinco melhores, os dez primeiros, entre os sete primeiros do brasileiro. Em alguns casos não fomos mais adiante por detalhes e até por conta de algumas arbitragens tendenciosas.
Desde Vilson Ribeiro de Andrade entramos numa nova fase: a dos clubes modernos, independente de ter dinheiro ou grandes times. Estádio reformado, estratégias de marketing, campanhas para atrair novos sócios, sede administrativa, patrocínio master, cotas de tv, título de maior vencedor do mundo etc . O Coritiba de 2010 pra cá, é outro. Bateu na trave com novos títulos nacionais, e o sonho acabou no meio no meio do caminho, por problemas administrativos. Alguns erros foram cometidos e acabaram comprometendo todo o trabalho, e o retrocesso foi inevitável.
O período de Rogério Bacellar ainda não completou 3 meses, e logo de cara nos pedem paciência, porque a situação financeira do clube é muito delicada. Precisamos aceitar a herança do sonho que não alcançamos, sanear as finanças, trabalhar com humildade e montar o time que é possível, e não o time que queremos.
A torcida ainda se acostuma com alguns nomes. Uns parecem ter futuro, outros não.
O fato é que ainda sofremos dos males do passado. A grandeza que nos acostumaram a ter, tentamos manter a qualquer preço.
Nos pedem paciência e ficamos no meio do caminho, sem saber direito pra que lado correr. Pedem que nos acostumemos com a pobreza financeira e consequentemente técnica. Sonhamos tão grande que ganhar do Atlético, o principal rival, apenas por 2x0, na atual conjuntura, não é lá uma façanha como foi em outros tempos. É que criamos o hábito de olhar pra frente e daqui a gente já consegue saber que com este time, no Brasileiro, teremos muitos problemas.
Sr, Presidente, somos torcedores, não dirigentes. Assim como o senhor, que já sentou nestas cadeiras e traz do seu berço o amor pelo Coritiba, nós também já saboreamos o gosto da grandeza. A gente sabe das dificuldades, a gente sabe que a crise é nacional, que os clubes vivem momentos delicados e se debatem para sair desta sinuca que se meteram, mas pelo menos tentem nos “enganar”, contem ( além da realidade) coisas boas também. Torcedor não é movido só de conquistas, mas também de sonhos. Os sonhos, não temos faz tempo. As conquistas – como já disse – ganhar do Atlético virou rotina. Precisamos acreditar que dias melhores virão.
Que no mínimo o senhor e sua diretoria tenham sido iluminados nestas contratações e a gente tenha a sorte de ter acertado em todas elas, ou pelo menos na maioria. É muito nos pedir humildade, senhor presidente. Como já disse, estamos mesmo mal acostumados com qualidade, sempre fomos grandes, o senhor sabe disso.
Agora, se nada é possível fazer, que o senhor tenha de fato feito o que é possível, nos resta então torcer para que esta turma nova que chega ao Alto da Glória, viva os melhores dos seus tempos jogando futebol.
É com o que nos resta sonhar, senhor presidente... mas isso é pouco para um Coxa-branca!
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)