Arquibancada
Geralmente a gente escolhe entrar neste mundo do futebol justamente quando não sabemos nada sobre ele. Ainda pequeno, algum adulto nos leva pela primeira vez a um estádio, e aos poucos isso vai se tornando hábito. Feito com alguma insistência, acaba caindo no agrado e aos poucos a gente vai adotando e copiando o comportamento do que a gente vê.
Em casa, no estádio, com o pai, com tios... a família acaba sendo a referência, nos dando os primeiros ensinamentos sobre este mundo fantástico do futebol. Assim se forma um torcedor, a gente nasce observando e se mira no exemplo.
Costumo dizer que em casa o futebol entrou pela porta da frente. Durante anos frequentei o Belfort Duarte e agora Couto Pereira, com meu pai. Por conta disso e da proximidade do Coxa com minha família, aprendi a ter uma relação afetuosa com o clube. São muitos anos, com mais alegrias que tristezas e muita tolerância em momentos difíceis, como o de agora.
Convivi próximo de muitos ídolos, em várias situações. Quando criança, alguns frequentavam minha casa até com certa assiduidade. Mais tarde, como jornalista da área esportiva no período de 89 a 93, aprendi a me relacionar de outra forma com o futebol.
Mas das duas formas, com esta relação quase que diária, fiz amigos e aprendi a entender quando um craque não estava num bom dia. Já fui tolerante até com os pernas de pau.
Também entendi que jogador de futebol não é o ser intocável e diferente que pensamos ser. Estão num pedestal porque nós os colocamos. Eles não nasceram ali. E alguns não tem cabeça para conviver com a fama que o futebol oferece, mas outros, uma minoria, entende e difere o mundo do “faz de conta” do mundo real.
Dá pra classificar esta turma em várias categorias: os jogadores de futebol, os quebradores de bola, os craques e o craque-cidadão, com dizia Armando Nogueira. Craque cidadão foi Zico, Pelé, Falcão, Krueger, por exemplo. São diferentes no comportamento, na fala, e principalmente na característica clássico, quando estão trabalhando. Mas acima de tudo, este craque-cidadão, tem compromisso com o social.
Apenas craque, foi Renato Gaúcho, Éder, Sócrates, Rivelino, Robinho, Edmundo, Tostão etc. Pra pegar um exemplo mais caseiro, jogador de futebol é Lucas Claro, Joel, Leandro Almeida... Quebrador de bola é Gil, Welinton, Baraka, Germano etc.
Mas todos são seres normais, iguais a você. Difere a profissão que escolheram, circunstâncias da vida e nível de informação. O nível de informação é determinante para qualificar o craque-cidadão. Geralmente o craque com um mínimo de informação é preocupado com outras questões, é o cara “antenado” com o mundo à sua volta e vira o tal do craque-cidadão. Mas todos passíveis de erros como todos nós. Por isso, todos são dignos de respeito, independente da classificação que você der a cada um deles.
A você foi dado o direito de vaiar quando algo te desagrada. A eles o direito de acatar e aceitar as cobranças porque assim se comunica o mundo do futebol.
Vale lembrar que antes do Coritiba formar este time que aí está, sejam eles quebradores de bola, jogadores, craques ou craque -cidadão, alguém os contratou.
Muitas vezes ou quase sempre, todos se esforçam para dar o seu melhor. Cada um oferece o que tem. Nós temos o time que a direção contratou. Por acaso, e azar nosso, são atletas que vestem a camisa do nosso time. Tudo bem que faz tempo que andam errando nestas escolhas, mas...
Enquadro Alex como craque-cidadão, e acho que deveria ser respeitado por isso. Posso queimar a língua, mas ainda acho que será decisivo nesta roubada que meteram o Coritiba. Pago pra ver.
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