Arquibancada
Vai do ódio ao amor, da diversão à obrigação. Para muitos está acima de tudo e de todos. Para uma minoria é trabalho.
Está entre as coisas mais importante das menos importantes, como dizem por aí. E para outros é simplesmente a mais importante e ponto.
Dinheiro, milhões, vaidade, interesses, projeção, inveja, ciúmes, amor, paixão, alegria, tristeza... são alguns dos adjetivos que mexem com quem vive dele de alguma forma. Sentimentos que definem o que já foi a maior diversão do brasileiro. De uma época que era vergonhoso admitir que não gostava de futebol. Que ainda em Copa do Mundo, junta todos em torno dele. Que ainda faz parar o país inteiro.
Num Brasil de memoráveis domingos de futebol, tendo ele como o maior programa da família no fim de semana. De encontros marcados em algum estádio pelo país. Rituais que duraram anos e que ainda são seguidos por uma grande multidão. Futebol de domingos históricos.
Ainda que o futebol não seja mais o jogado como gostaríamos, daqueles clássicos memoráveis que foi para a história e a gente estava lá e viu.
Daquele futebol romântico, que se vestiu de terno e gravata na arquibancada, ornando com suas chuteiras discretas que pisavam na grama verde, palco do desejo de muitos.
Que agora se rende ao colorido dos uniformes na arquibancada e no gramado. Só para combinar com as chuteiras espalhafatosas, com os cabelos ousados, com gestos polêmicos na comemoração de gols, que andam cada vez mais raros. Na verdade, rara está a qualidade do pé que toca a bola para dentro do gol.
Mesmo assim, ainda é vida e morte numa semana que começa e termina com ele. Que apesar de tudo, ainda é a coisa mais importante de todas. Que emociona, mesmo que esteja cada vez mais pobre.
Nelson Rodrigues e Armando Nogueira e outros cronistas da bola, chegaram bem perto do que melhor se conseguiu dizer sobre ele. Definindo a paixão inexplicável.
Futebol não é esporte. É preciso encontrar uma definição diferente para melhor classificá-lo, se é que posso ajudar com alguma coisa.
Esporte é o primo pobre do futebol. Esporte são estas modalidades que encantam outras multidões, em Olimpíadas. Dos deuses do Olimpo, que também já se renderam ao futebol.
Futebol que ainda se mantém acima dos seus próprios deuses, porque é escrito com d minúsculo. Futebol ainda é festa e que apesar de tudo continua forte em nossos corações.
Que nós Coxas aprendemos a escrever Foot Ball Club, sempre em maiúsculo.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)