Arquibancada
Nascemos e 14 anos depois vieram eles. De uma dissidência, como a maioria dos grandes clubes brasileiros e estas dissidências acho que deram origem à rivalidades, criando os clássicos do nosso futebol. Algumas paixões doentias, outras na medida e poucas dentro do aceitável. Me enquadro dentro deste último conceito: a minha rivalidade aceitável com o Atlético (sem h), requer uma calibragem de tempos em tempos. Talvez por conta da idade, tenho sido amistoso. Não que já tenha sido mais contundente, mas digamos que já torci mais ferrenhamente pelo insucesso deles.
O patamar Coxa-Branca de hoje, não nos permite ousadia e provocações. Porque pertencer a uma geração de torcedor feliz que fui com o Coritiba, quem sabe tenha me dado um pouco da alma lavada, de missão cumprida. Por isso, pouco me incomoda o sucesso deles hoje.
De ter saído do Belfort Duarte e depois Couto Pereira, com a sensação de dever cumprido infinitas vezes, muito mais que eles. Porque naquela época era inconcebível admitir o clássico em outro estádio. Joaquim Américo era só um ex-jogador. Não dava pra chamar aquilo de estádio.
Como é hoje para eles, na minha época nossos adversários estavam em outros estados. Atletico Pr, era sparring, uma boa prévia que só se aproximava do que teríamos na temporada. Foram anos, décadas assim. Isso alimentou o ódio deles, creio que até hoje,e não há psicólogo que cure. Vem de gerações. Tá no DNA atleticano, é genético.
Vencê-los era rotina, abrimos uma dianteira tão grande que na matemática dos clássicos, que, nem em 100 anos de história os aproxima de nós.
Tá, eu sei, isso é pouco, futebol se mede pelo momento. Tudo bem, no centenário atleticano, vivem um momento melhor e já faz tempo, há uns 10 anos pelo menos. Por algum tempo até conseguimos aparecer no retrovisor deles, mas ultimamente uma névoa encobriu a visão e o Coritiba desapareceu. Ainda incomodamos, mas só por conta da rivalidade. O problema é que a nossa dívida na história recente tá ficando grande.
Tenho muitos amigos atleticanos. Alguns intragáveis, outros nem tanto, talvez porque para eles eu sirva como medida deste Coritiba que nos dão para torcer. Mas sinceramente, eles não me incomodam.
Tem uma frase sábia que conforta um pouco e serve para o momento: das coisa menos importantes, o futebol é a mais importante (se não for isso, é mais ou menos assim).
Até que o vento vire, os planetas se alinhem, as marés e a conjunção dos astros determinem um novo caminho para o Coritiba, sigo aqui, com a memória já se apagando, lembrando dos feitos dos anos 60, 70 e 80, até onde a rivalidade resistir ou que finalmente o Coritiba me ofereça novos fatos para esquentar esta rivalidade.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)