Arquibancada
Hoje levantei lembrando deste mal que é o domingo de Carnaval. Não gosto de Carnaval! Não gosto de domingo de Carnaval, sem futebol. Os dois são antagônicos, ou indissociáveis há décadas, como diz matéria de um jornal, neste domingo chuvoso, sem bola rolando por aqui.
Alguns estados ainda arriscam mais uma rodada de campeonato regional, mas no sábado.
“Há uma separação entre os dois que não poderia ocorrer. Sempre tiveram uma convivência fraterna e assim deveria permanecer”, aponta Sérgio Cabral, jornalista, especialista em samba, carnaval e futebol, além de escritor e compositor. Isso está reproduzido na matéria que me referi acima.
Entre outras coisas, a matéria do jornal não traz nada que já não sabemos. Pra mim, como novidade, um número que desconhecia. Diz em certo trecho que o futebol foi profissionalizado em 1933. Desde então, o Brasil procurou imitar o futebol europeu, o que torna as duas práticas quase que impossíveis de conviverem pacificamente.
A patrulha das concentrações, dos atletas fujões, dos adeptos do Carnaval, contam inúmeras histórias de atletas dados como desparecidos nas décadas de 70 e 80 - curiosamente apenas na semana de Carnaval. Depois reaparecem e retomam suas atividades nos clubes, e todos fazem de conta que nada aconteceu.
Me recordo de uma discussão mais aprofundada em torno de atletas que assumiam suas preferências carnavalescas, como Renato Gaúcho, Éder e tantos outros, que não faziam a menor questão de esconder que “ brincavam o Carnaval ” em bailes tradicionais ou avenida, sempre como convidados de uma escola de samba ou de algum clube. Ter a presença de um atleta de futebol famoso, desfilando por uma escola ou num baile de Carnaval, sempre foi um diferencial. Muitos chegaram e ser disputados pelas escolas, quase como são pelos clubes de futebol mais poderosos.
Com a televisão e a imprensa cada vez mais profissionais na cobertura, alguns flagrantes expuseram algumas situações constrangedoras e passaram a inibir os mais cuidadosos, mas não intimidou ninguém. Pelo contrario, o Carnaval sempre atraiu cada vez mais jogadores, e a maioria continuou na festa, apenas tomando alguns cuidados, evitando a exposição, ou situações constrangedoras.
Mesmo assim, os excessos sempre apareceram e foram devidamente divulgados e principalmente sentidos na rodada seguinte, quando o futebol era retomado. Com isso, também vieram as cobranças.
Para o bem de todos, a convivência que parecia amistosa foi aos poucos se transformando e a separação foi inevitável. Carnaval e Futebol são apenas bons amigos porque até se parecem muito, mas não vivem mais debaixo do mesmo teto.
Como a pressão, e algumas ameaças de dirigentes do futebol, não chegaram a intimidar os atletas, a opção foi esta. Eles continuam na festa, são atrações- cada um em sua escola de Samba de preferência - e o futebol é deixado de lado, por mais de uma semana. As rodadas dos estaduais são canceladas. Alguns clubes insistem com trabalhos físicos e de fisioterapia para os atletas em recuperação, mas logo isso também deve ser suprimido.
Assim, ficamos sem futebol neste domingo chuvoso, sem estádio para frequentar, e até para assistir na tevê.Nos dão como opção, as reprises , com os melhores momentos das escolas de São Paulo.
Vão pras favas com isso,quero é bola rolando!
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