Arquibancada
Dia de jogo do Coxa, dia de lembrar desde cedo que é mais uma rodada pelo brasileiro e nela mais uma pitada de esperança. Afinal, foi mais de uma semana se preparando, - tempo suficiente para Jorginho arrumar a casa e por isso apostei no velho jargão do “agora a coisa vai” - (NÃO FOI).
Depois de algumas rodadas, também volto a dividir a live do pós-jogo com os amigos Marcelo Carneiro, Ricardo Honório, Rogério Scarione e desta vez, estreando com a gente, Paulo Chaves, também colunista do site.
Na rua, seguindo ao trabalho, que por aqui segue por mais um mês, ouço uma voz que vem da porta de uma loja de eletrodomésticos. Era um senhor baixinho dizendo que o Coxa salvou a vida dele. Se em circunstâncias normais a cena já chamaria atenção, imagina em Guarapuava, cidade polo da região centro oeste do estado, com colonização gaúcha, onde Inter e Grêmio são a preferência.
Claro, parei e olhando para ele digo, dá-lhe Coxa! Veio em minha direção e pela calçada seguimos caminhando.
Não me contou seu nome, mas disse que quando morou na capital, era conhecido como "Guarapuava”. Período que aprendeu a gostar do Coritiba, time que adotou e que viveu intensamente com muitas histórias. Quase todas felizes, mas uma em especial marcou a vida do “Guarapuava”.
Viveu desde o tempo do “ Não agite”, Bloco de Carnaval, criado pelo Mazinha, foi também da charanga da torcida do Coxa, na época era o MUC, citou Luizão Stelffeld como grande amigo.
Insisti na frase que me chamou atenção:
-Porque você diz que o Coxa salvou a sua vida?
- Era dia de atletiba e próximo ao Passeio Público, eu me dirigindo ao Couto Pereira, dei de cara com a torcida do Atlético, - ETA (Esquadrão da Torcida Atleticana). Me viram com a camisa do Coxa, me cercaram e me bateram. Bateram muito e perdi o movimento da perna direita. Me recuperei mas a perna nunca foi a mesma. Até hoje manco e tenho dificuldades para andar. Às vezes dói muito. Estou aposentado por invalidez e sem trabalho, mas o dinheiro da aposentadoria me salva porque hoje não tenho emprego e não teria como viver sem este dinheiro, por isso digo: “o Coritiba salvou a minha vida”.
Ainda na breve caminhada, “Guarapuava”, me contou da recepção que ajudou a organizar, ao grupo Campeão Brasileiro em 85 e de outras grandes histórias que viveu no período que esteve aí em Curitiba.
Há noite no quarto do hotel, onde estou, assisto o Fluminense vencer o Coxa de goleada em mais uma das partidas inesquecíveis desta era do Coritiba de Samir, Bacellar etc. Tudo muito distante e desconectado da história de “Guarapuava”.
No final da Partida de ontem, pensei: “Guarapuava” não merece isso, nós não merecemos isso.
Fico na torcida para que esta história caia no colo de algum dirigente e destes responsáveis pelo futebol do Coritiba. Quem sabe assim, entendam a grandeza do Coritiba e acordem, dando ao “Guarapuava” e a nós, dias melhores. Com o respeito que também perderam no meio deste caminho que afunda o Coritiba cada vez mais.
Que “ Guarapuava ainda possa dizer que o Coritiba salvou a sua vida, mas com orgulho de ver um time guerreiro como ele.
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