Arquibancada
Quando Ney Franco assumiu, a corda já estava no pescoço. Teve tempo pra trabalhar e dar uma cara ao time. Até agora, depois de todo este tempo, a novela é a mesma, talvez pior. Agora ganhou um tom mais dramático. Esta conversa de “erramos e precisamos corrigir, passar borracha”, também já encheu.
Tendo apenas uma vitória depois de tanto tempo no comando técnico, a paciência se foi. Meu caro treinador, pega seu boné e entrega o cargo. É o mínimo que espero de você. O espírito do derrotado agora também toma conta da torcida que pagou seu último pedágio com esta cena de novela mexicana que nos deram hoje.
O retrato do que é o Coritiba hoje, foi o cartão de visitas que começou fora do estádio, para o torcedor que precisou acessar o Couto pela Mauá. Parecia um presságio do que teríamos lá dentro. Eu e centenas de torcedores, conseguimos entrar, mas depois de quase 10 minutos do jogo já começado. Uma demonstração clara que não se prepararam para receber o público de quase 30 mil pessoas que viu mais este vexame do time em campo.
Centenas de torcedores com crianças, impedidos de entrar, perdendo o jogo que já tinha começado, porque a administração do estádio colocou apenas 4 ou 5 seguranças para a revista de praxe, feita antes da catraca.
Nas roletas, outro problema. Algumas travaram e ninguém foi capaz de resolver, decidir ou dar ordens aos funcionários que faziam o que era possível. Com isso, se acumulou fora do estádio, um grupo grande de torcedores, formando uma fila bem razoável, sem que alguém fosse capaz de resolver o problema. Muitos conseguiram entrar quando a partida já tinha seus 20 minutos.
Lá dentro, vimos apenas o que já se sabia. Como novidade, um amontoado de jogadores batendo cabeça em campo, sem saber exatamente para o quê, como e de que forma fazer para agradar aquela massa. Alguns, até os mais experientes, pareciam nervosos, caso de Lucas Claro, Norberto e Lúcio Flávio. É verdade que não são o suprassumo, mas hoje muitos se superaram, abusando da paciência do pobre torcedor.
Era quase impossível acreditar que aquele bando de marmanjos fazia mais um papelão em casa daquela forma patética. Mais uma vez se superaram. Quando a gente pensa que já viu de tudo, eles se esforçam e superam e nos dão um produto cada vez pior. Parece que estavam esperando ter o estádio cheio, para mostrar para o maior número possível de torcedores que é possível fazer ainda pior do que andam fazendo.
Acredito que meu sentimento seja o mesmo da maioria: nesta manhã de 2 de agosto, joguei minha toalha. Por mais otimista que tenha sido até aqui, não consigo mais acreditar que com este grupo as coisas melhorem. Não se trata de falta de sorte, como argumentam muitos. É falta de talento, de competência e até de boa vontade.
O Coritiba é o retrato de sua administração. O dia de hoje, pode ser marcado nesta temporada como dia que definitivamente trataram de espantar a última esperança que restava: o torcedor. Sim, porque eu não tenho mais espírito e coragem de voltar a fazer aqui as convocações que fiz muitas vezes, apostando que a força da torcida poderia reverter este quadro. Perdi nesta manhã também esta esperança. Esta turma não merece este sofrimento, este sacrifício, este amor demonstrado nesta inesquecível partida contra o Goiás.
Daqui pra frente, acredito apenas em milagre, se é que este grupo merece.
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