Arquibancada
Junto com Negueba, além do jeito desengonçado, atrapalhado, às vezes inspirado, mas quase sempre muito irritante, vai embora também um pouco da alegria do futebol. Do jeito irreverente, da ousadia, até da inocência que dos idos tempos o Coritiba traz na memória com Miltinho, depois Lela, e até com Geraldo, mais recentemente. Os dois primeiros craques, Geraldo e Negueba não.
Negueba tinha uma mistura de malabarismo e futebol, meio mambembe. Portanto, seu futebol tinha alegria, sim. Eu não gostava dele, se é que preciso eleger uma média do sim e não. Mas gostava de ver ele em campo, especialmente quando entrava no segundo tempo. Torci para que desse certo. Havia uma malemolência, uma irresponsabilidade que só vi em poucos, Garrincha por exemplo. Do atrevimento de moleque, de quem não leva o trabalho a sério. Uma coisa quase infantil, até ingênua.
Negueba errou seu tempo no Coritiba. Passou por aqui e nos pegou irritados, intolerantes e de mau humor. Não eram tempos para suas irresponsabilidades, seus desacertos atabalhoados, nestes quase dois anos que vestiu a nossa camisa.
É que nós estávamos chacoalhando o limoeiro para azedar nossas tardes de domingo nas arquibancadas do Couto Pereira, ou nas noites frias de quartas e quintas-feiras, com nossa paciência já no limite, assistindo o Coritiba jogar. Culpa de nossos diretores, Negueba, nada pessoal, não nos leve a mal.
Negueba seria um jogador útil em outro tempo, mas agora não, Infelizmente. Não o conheci pessoalmente, mas a mim vai deixar saudades. Coisa de maluco? Pode ser!
Lembro dele quando vi pela primeira vez, jogando pelo Flamengo, há uns dois ou três anos, não lembro direito - disputando o Campeonato Carioca.
Me chamou a atenção pela cor. Mais azul do que negro. A primeira jogada foi a assinatura dele que repetiu tantas vezes aqui no Coxa. Uma tentativa de drible sem sucesso num zagueiro que lhe tirou com facilidade a bola. Pensei comigo, “o cara tá começando. Ainda vai dar o que falar”. Não deu.
Veio pro Coxa. Lembrei deste jogo que vi na televisão, pelo campeonato carioca. Novamente aposto minhas fichas nele. Não deu de novo. E agora vai embora sem ter feito nada do que todos queriam e torceram e o Coritiba precisava.
O Coritiba anda com tanto azar, que além de todos os problemas que surgem todos os dias, é capaz de Negueba desencantar no Grêmio. Com um pouco mais de azar, é capaz disso acontecer no segundo turno, aqui no Couto, quando nos enfrentar pelo brasileiro. Era só o que faltava não é?
Dequalquer forma, boa sorte, Negueba! Mas por favor, vê lá se não acerta justo contra nós.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)