Arquibancada
Minha filha com 6 anos, acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente. Ajudada pela mãe, no Natal, na Páscoa ou quando cai um dentinho, as duas armam uma algazarra em casa, fazendo de cada acontecimento destes, um grande evento.
Na minha infância não tive este estímulo. Acho que não cheguei nem a um ligeiro encantamento sequer com estas datas. À Fada do Dente, fui apresentado pelas duas - minha mulher e filha. Nem sabia da sua existência.
Com o passar dos anos, entrei na brincadeira e quando não participo diretamente, fico na arquibancada apreciando a fantasia, o sonho das duas.
Sonho! Acho que é esta a palavra mágica. Coisa não palpável, do imaginário dos humanos. Sonho remete a outras palavras: inocência, fantasia, um mundo colorido, alcançar muitas vezes algo impossível.
Aos de espírito duro como eu, o sonho sempre pareceu algo distante, impossível de ser alcançado, mas confesso, me atrai, e ainda tento me aproximar, me permitindo a alguns sonhos. Ainda fecho os olhos e muitas vezes não vejo nada. Em outras até consigo alguma coisa.
Sonho com muita coisa, poucos deles ou quase nenhum acontece. Como meu tempo de Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Fada do Dente, já passou faz muito tempo, então tento aproximar meus sonhos mais com a realidade dos meus quase 60 anos.
Sonho com um país melhor, com uma vida menos atrapalhada, com trabalho mais prazeroso, digno das pessoas, com menos violência nas cidades, mais saúde, educação ...
Muitos dos meus sonhos estão em verde e branco, o Coritiba aparece neste mundo de desejos. Também me permito sonhar com dias melhores a este amor conquistado na infância, que sempre foi muito mais real que Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, ou Fada do Dente.
Como todo amor incondicional, já me fez sofrer, me deu alegrias e agora me faz acreditar em milagres, um sonho. Vejam vocês em que ponto isso tudo chegou.
Com quase 60 anos estou aqui, sonhando com o que muitos consideram impossível, e eu me apresentando como um sonhador, crente em milagres ainda.
Acho que só o amor mesmo para explicar uma loucura destas. Na verdade procuro mesmo não me alongar muito nestes pensamentos, tentando achar explicações ou razões. Afinal, amor a gente não explica, não é?
Então, vamos lá! Que seja o que for, como for, da forma que for, estarei contigo mais uma vez Coritiba. Pela instituição Coritiba, que deve estar acima de tudo. Em nome deste amor.
Hoje a torcida já deu uma grande demonstração deste amor comparecendo em grande número ao treino da manhã, no Couto Pereira. Cantaram, entoaram gritos de guerra, cantos motivacionais durante todo o tempo em que os atletas permaneceram no gramado para o último treino antes da batalha de domingo.
A partir de agora é concentração. Os primeiros 15, ou 20 minutos de jogo, dirão muita coisa. A motivação dentro de campo, será a gasolina da arquibancada e da arquibancada sairá o combustível que moverá atletas para uma luta que precisa ser travada no gramado. Precisa haver troca de energias. Aliás, arrisco dizer que se você não acredita, é melhor ficar em casa, assistindo o jogo pela tv. Nada pessoal, mas é que se trata mesmo de um jogo muito especial, se é que você ainda não entendeu.
Estamos diante de um atletiba como ainda não vi. Em condições e circunstâncias inéditas. E por ser um atletiba, não nos resta outra alternativa, se não lutar.
“Eu acredito”!
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)