Arquibancada
Hoje lembrei de Marcus Popini, um colunista aqui do site que tinha por hábito republicar colunas que completavam aniversário. Algumas de 10, 8, 5 ou 4 anos. Pareciam feitas ainda no calor da derrota ou do vexame do dia anterior, tamanha a semelhança com a realidade Coxa naquele momento. Muitas destas colunas foram publicadas originalmente nas gestões de Gionedis, Cirino e Vilsão e reproduzidas nas gestões de Bacellar e Samir.
Não me dei ao trabalho de copiar Popini, muito menos de buscar em meus arquivos colunas que repitam o mesmo drama que vivemos hoje. Até porque o time e o clube não merecem este empenho. Me dá preguiça de buscar, a mesma preguiça que vemos tomar conta dos nossos representantes, diretos ou indiretos, dos administradores ao grupo de jogadores.
Ontem a palavra ‘cansado’ foi a mais ouvida por quem assistiu a live do COXAnautas. Sim, estamos todos cansados dos mesmos problemas de anos. E quando achamos que estamos a caminho ou ensaiando uma saída do buraco, o cara que se propõe a isso morre em pleno exercício do cargo de presidente. O substituto que parecia comprometido com as causas, se afasta para cuidar da saúde. Este Coritiba anda fazendo mal à saúde de todos nós. De perder o sono, de irritar, de atrapalhar as relações pessoais… e com isso a gente vê os desistentes pelo caminho. O cenário vai aos poucos esvaziando. Parece cenários de guerra, de batalha perdida.
Acho que não resta mais nada que se possa dizer, avaliar e até de exorcizar. Ficou só o respeito entre nós, de ouvir calado os desabafos, pelo menos de minha parte, mas esperando que o outro logo termine sua choradeira para que a minha vez de subir ao palco e reclamar, chegue logo.
Porque a conversa de amor ao clube, sentimento que segurou a onda até aqui, vejo que também vai ficando pelo caminho com os desistentes. A cada jogo, vejo muita gente falando em vender coleção de camisa, de parar de pagar o sócio e de não ir mais ao estádio. Respeito e entendo e nem quero saber se posso ou não avaliar ou julgar cada uma destas decisões.
De 1988 a 1993, quando trabalhei como jornalista cobrindo o futebol, passando por três televisões, uma em rede nacional, vi coisas que gostaria de não ter visto. Aos poucos fui me afastando do Coritiba. Primeiro por necessidade, para tentar alcançar a isenção e fazer de fato jornalismo esportivo, sem torcer. Quando percebi, seguia muio mais pela tatuagem que fica encalacrada na gente, do que pela passionalidade.
De 93 em diante, fui poucas vezes ao estádio, mas por alguma razão acabei voltando a incorporar o personagem do torcedor e desta vez com requintes de crueldade, como se o clube tivesse me punindo pelo longo afastamento.
O fato é que me junto aos amigos do COXAnautas e também me apresento cansado. Mesmo que saiba das dificuldades e da doação necessária exigida a quem se candidata ao que se propôs Renato Folador. Glen Stenger e seu grupo não são nem de longe os profissionais que Follador pensou para comandar na ponta o Coritiba.
Ou o clube se profissionaliza ou terá morte lenta. E isso é urgente. A SAF em fase de implantação, precisa dar certa. Não há mais espaço para erros. Vejo este momento como a última chance do Coritiba. Chegamos no ponto final. Ninguém suporta mais, nem clube nem torcida.
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