Arquibancada
Peço permissão aos meus amigos para falar de um cidadão mais que honorário, um cidadão da bola, um cidadão do futebol. De um cara que encantou muitos de nós com seu futebol, inclusive adversários. Alex voltou sim, mas já está indo!
“Alex voltou”, foi o que cantou a torcida Coxa durante meses. Logo no primeiro ano, os adversários eram avisados da volta dele, com o canto que vinha da arquibancada. Alex retribuiu com seu futebol clássico, que quase sempre esteve acompanhado de um gol ou de um passe genial.
Além do futebol, Alex encantou também com seu comportamento, por isso ouso chamá-lo de cidadão da bola. Aliás, é do que prefiro falar.
Conheci quando era menino, começando no Coxa. Sempre deste jeito, humilde. Já era profissional e já tinha aprontado das suas em algumas poucas partidas que foram para a memória.
Um dia, num sábado à tarde, se sentou com a gente na arquibancada para assistir um jogo de uma gurizada, sub 17. Conversava com todos como cidadão e não como ídolo que já era.
Parece não haver nada no mundo que o tire deste comportamento. Nem com toda a bajulação que fazem em torno dele. Mais incrível ainda é perceber que não é jogo de cena, gênero para fazer papel de bom menino. Alex é unanimidade.
Alex esbanja os dois: humildade e futebol, às vezes muito mais até humildade do que o seu próprio futebol. Alex ainda tem futebol para jogar em alto nível por mais um ano. Preferiu parar assim.
Alex é clássico para correr, para chutar, para fazer gol, para passar, pra conversar ... até para fazer ou levar falta. Nunca vi Alex comemorar sozinho um gol. Se fecha em grupo, entre colegas de trabalho. Divide o feito apontando para alguém, na torcida ou dentro de campo.
Provou mais do que precisava do seu amor pelo Coritiba. Ficar nas condições que ele ficou, tendo opções melhores, foi não só uma demonstração de amor, mas de palavra dada.
Alex voltou na hora errada para o Coritiba. Com a direção errada, com as pessoas erradas no comando. Por isso, a insistência de muitos em mantê-lo no time, pelo menos por mais um ano, para que tivesse uma despedida digna do futebol que joga.
Não merecia terminar a carreira assim, brigando para manter seu clube do coração na primeira divisão.
Alex é daqueles caras que a gente agradece por conhecer, porque está entre os poucos que me faz acreditar que o futebol é limpo. Acho até que dá pra ir um pouco mais longe: Alex faz a gente acreditar até no ser humano.
Caráter é o sobrenome deste menino que “voltou”, mas já está indo... que pena!
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