Arquibancada
Agora provavelmente virão Ney Franco e Rogério Bacellar e dirão: “o time está crescendo, já conseguimos engatar um empate nesta série de derrotas. O time até mostrou crescimento, um entrosamento no comecinho do jogo. Tivemos azar no gol de empate deles, mas isso faz parte do jogo”.
O Coritiba é um time tão desarrumado, tão sem talento, que nem milagre passa mais perto. Quando entram em campo, com as mãos ao céus, em oração, pedindo benção, imagino que intimamente, em cada uma daquelas orações, está o pedido de um milagre. Um ato repetido nas arquibancadas quando nós torcedores pedimos paciência e tolerância com a sucessão de patetadas e absurdos que nos presenteiam a cada partida.
Neste sábado, vi um time sem nenhuma chance de chegar ao segundo gol, a não ser por um lance de sorte. Desarrumado, sem inspiração, apenas com os mesmos lance bizarros de sempre. Parece que acreditavam que em suas orações, os deuses do vento operem milagres e coloquem a bola dentro do gol adversário, só pelas belas cores do Coritiba. Como o gol de Juan,o primeiro da partida, contra o Figueirense.
Este time, esta direção com a conivência do conselho, já faz parte de um capítulo inédito na história do Coritiba. Não lembro de um momento tão ruim. Estão levando o clube novamente à segunda divisão como quem escova os dentes assim que sai da mesa.
Incorporaram isso à nossa rotina há anos e agora já fazem até com displicência, sem muitos pudores.
Se a vitória tem nos heróis seus eleitos e para os quais se destina o trono do futebol, a derrota possui seu personagem principais que podemos chamar de vilões, que quase sempre é um personagem, um jogador sobre o qual será depositada a culpa pelo insucesso em campo.
A derrota do Coritiba é muito maior que isso. É uma derrota do ano todo, de uma proposta administrativa fracassada, de um conjunto de ações que na verdade começaram em 2014.
E numa coisa sou obrigado a concordar com o Presidente Rogério Bacellar, a culpa é da torcida, sim. Mas quando ela o elegeu como mandatário do Coritiba. Quando a maioria Coxa-branca achou que teria com Bacellar e seus comandados, um Coritiba Maior. A culpa é da torcida, sim, por ter acreditado em suas mentiras.
Sabemos todos que não foi apenas o desempenho em campo que nos colocou nesta situação. O fator responsável por tamanha expectativa e decepção está no aparato anteriormente anunciado, no discurso mentiroso que foi anexado a esta proposta desde o inicio do ano. Vocês merecem a segunda divisão, nós não.
Os fracassos inesquecíveis do futebol, como a Copa de 50, por exemplo, teve vilões na derrota para o Uruguai. Outro exemplo é o caso Dunga. Na Copa de 90, ele foi responsabilizado pela eliminação brasileira. Para muitos, Dunga encarnava a decadência do futebol brasileiro, que substituía o futebol-arte pelo futebol-força. A derrota para a Argentina e a consequente saída da Copa pesou anos nos ombros de Dunga. Mas ninguém é vilão por acaso.
No Coritiba, eleger um vilão dentro de campo é difícil. A cada jogo temos quase um time inteiro de vilões. Antes é bom lembrar uma série de fatores relacionados, não apenas ao desempenho de cada atleta, mas acima disso avaliar a competência profissional de quem os contratou.
Escrevo tudo isso ainda sem saber das consequências de mais este desastre promovido pelo time de Ney Franco e de Robério Bacellar, em mais uma partida onde deixamos de vencer e nos afundamos cada vez mais na ZR.
Saí do estádio mais cedo, aos 27 minutos, e até agora, algumas horas depois, não ouvi rádio e nem li nada em sites ou jornais. Manda o bom senso que algo seja feito. Acredito que agora, anunciem medidas emergenciais. Uma delas a provável saída de Ney Franco, ou de Serrano, ou mais afastamentos de atletas que como num passe de mágica nem no banco ficam mais.
Seja lá o que anunciarem, será mais uma medida política. O bonde desta história já passou e perdemos mais uma oportunidade de arrumar a casa, quando algo ainda podia ser feito, na semana passada. A partir de agora, não espero mais nada. Nem do time nem dos dirigentes. Erram no tempo de sua decisões, erraram em tudo.
Escrevi hoje cedo aqui, que há 28 anos, também num sábado, no dia 31 de outubro, o Coritiba ganhava do imbatível São Paulo, de Muller, Silas e Careca, de 3x1, no brasileiro de 1987. Queria eu, inocentemente, ainda sonhando com o milagre, que fossemos iluminados pelo espírito daquele Coritiba. Claro que me equivoquei. Aquilo não existe mais. Aquele Coritiba não existe mais. O de agora também quero que logo suma da minha memória. É um pesadelo do qual está difícil acordar.
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