Arquibancada
Como presente de comemoração aos 30 anos do título brasileiro, nos dão uma máquina de calcular. Está aberta a temporada de caça aos pontos perdidos em casa, dos não feitos fora, dos empates que poderiam se somar a outros, e que juntos serviriam mais na frente para ajudar numa soma de mais alguns pontinhos. Este foi na verdade o pensamento que nos norteou durante os últimos anos, que cabe aos clubes médios e pequenos que apenas sonham em se manter na divisão de elite.
O número mágico ainda são os famosos 42 pontos, mas apenas como referência, porque isso é muito relativo e já tivemos anos em que o último classificado dos 4 que caem, fez menos que isso.
Entre torcedores do Coritiba o exercício começou mais cedo que em anos anteriores. Os profetas surgem de todos os lados. Há os que anunciam Joinville, Coritiba e Vasco como já rebaixados. Caso do ex-jogador Neto, ao fazer esta previsão num programa de tv, estes dias. Também já estão por aí, os derrotados de qualquer circunstância. Falou em derrota é com ele mesmo. Já se apresenta levantando a mão como primeiro voluntário. Geralmente é aquele que entra no campeonato já fazendo contas para não cair, mesmo antes da primeira rodada. É preciso reconhecer que este ano foi assim no Coritiba. O Campeonato Regional já prenunciava a tragédia. E não foi por falta de aviso, aliás, acho que neste momento é o que mais irrita a torcida.
Com todos os agravantes, com números otimistas, pessimistas, falta de qualidade, má vontade, administração amadora, os que mais me irritam são os profetas do apocalipse.
É o cara com o perfil que parece não ter nem um amor pelo clube que escolheu torcer. Pelo contrário, parece que torce contra. E na verdade torce contra mesmo. Só que nem ele se dá conta disso. Torce contra uma diretoria, contras alguns nomes, coloca acima de tudo a raiva, a ira por pessoas. Tudo isso acaba se sobrepondo ao amor pelo clube.
Temos duas questões importantes neste momento. Na iminência de ser rebaixado (mais uma vez), agora, este ano, não temos tantos motivos mesmo para acreditar que escapemos, porque o material humano que nos deram não dá esta confiança. Tanto que quando surgem os Iluminados como Evandro, logo nos agarramos e apostamos que nele está a nossa salvação. Pelo menos é o que queremos, mesmo com rompantes de lucides que nos trazem à realidade e nos mostram que as coisas não são bem assim, ou que pelos menos não deveriam ser.
Que a nossa situação é a pior de todos os últimos anos, sabemos todos. E também sabemos por que estamos assim. O Coritiba em campo, é o reflexo da administração que tem. Na verdade há anos é o reflexo de suas administrações.
Pena ter que discutir isso justamente agora, num momento de comemoração do maior título conquistado nestes mais de 100 anos de história. Mas é o Coritiba que nos deram neste momento, é o Coritiba que temos.
A segunda questão é separar todas estas constatações da instituição Coritiba e ver o que cada um pode fazer. Não se trata de mais uma vez jogar a responsabilidade nas costas da torcida. Não nos resta outra saída a não ser recorrer mais uma vez a ela.
De pessimistas, de energias ruins já bastam as que circulam lá por dentro. Precisa vir da arquibancada o algo mais, a única força capaz de tirar este time deste buraco que se meteu.
Depois disso, levantar mais forte e tirar esta gente que como erva daninha trouxe o Coritiba nesta ladainha de anos de atraso. De nada adianta apenas o discurso, o Coritiba precisa de gente que faça algo de bom por ele. Que trabalhe pela instituição, não se beneficie dele.
Vamos tirar o Coritiba deste buraco, depois tiramos lá de dentro, esta gente que nos afundou nesta lama.
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