Arquibancada
Já vim até o computador umas três vezes. Escrevo duas, três linhas e apago... levanto, volto, escrevo, apago e não consigo me manter motivado, inspirado e envolvido com algo para conversar com vocês.
Me parece comportamento típico de quem não tem mesmo mais nada para ser dito. Parece que não resta mesmo mais nada, nada mesmo. Nada que ainda não tenha sido dito em todas as colunas aqui publicadas, por todos nós.
Parecemos mesmo time fadado ao desastre. Quando não há mais por onde criticar e apontar as falhas do time ruim que nos deram, aparece um árbitro, no mínimo incompetente, pra acabar de vez com qualquer esperança.
Mas também não é este o caminho que imagino que devo tomar para tratar da partida deste sábado, contra o Inter. Como também não devo me ater à críticas ao treinador, ao time todo, ao Lúcio Flavio que certamente fez sua pior partida no Coritiba até hoje, ou no gol que Cáceres deu ao adversário.
Dentro deste meu coração verde e branco, agora só resta uma tristeza profunda que ninguém será capaz de entender. Assim como cada um de vocês, cada um a seu modo, está remoendo mais esta derrota, num momento extremamente delicado do clube , do time, na sua vida centenária, e neste campeonato brasileiro de 2015 que parece um filme repetido de anos anteriores.
Neste momento só cabe a velha, cansada e surrada frase: “torcedor sofre”. Sim, há muito tempo fazemos parte desta categoria de torcedores. Parecemos os velhos corinthianos, dos anos 70 e 80, quando eram insuperáveis nesta categoria de sofredores, acumulando anos sem levantar um título. Somos sofredores sim.
Os novos sofredores do futebol brasileiro. E nesta “sofrência” não tem lugar para inexperientes. Cardíacos, nem pensar! Torcer para o Coritiba faz mal à saúde.
Deste time não escapa ninguém todos somos predestinados ao sofrimento. Nem minha filha que me acompanha há dois anos ao Couto Pereira, e que até aqui vinha invicta. Foram mais de cinco jogos me acompanhando e até neste sábado, não sabia o que era derrota, nem empate. Ganhou todas. A invencibilidade foi pras “cucuias” nesta rodada, sem que até ela mesma entendesse o que acontecia, e por tabela, de presente, vimos ainda a fúria que tomou conta de alguns poucos torcedores, coisa que até então ela ainda não tinha visto, no Couto Pereira e nas ruas próximas.
Este Coritiba que nos deram que faz mal à saúde, também deveria ser proibido para menores. Crianças não deveriam ser levadas pelos seus pais ao estádio, enquanto as coisas transitarem nestes níveis de “sofrência”.
Estes novos torcedores, como minha filha, não são capazes de entender um pedaço da selvageria que vimos fora do estádio, com adultos se pegando no tapa, por conta de destempero e provocações entre torcidas rivais.
Este Coritiba que faz mal à saúde, não deve permitir a entrada de crianças em estádio onde este time jogar.
Nesta “draga” de anos, estamos criando uma geração de novos perdedores, de novos sofredores.
Com necessidades diferentes das nossas, e sempre buscando e sabendo o que é melhor, esta geração certamente já prepara sua retirada estratégica desta brincadeira que oferecemos à eles, que é o Coritiba de hoje.
O Coritiba do futuro será o contrário do que foi o Coritiba nos anos 60, 70 e 80, quando ganhava tudo. As vitórias formavam os novos torcedores. Foram anos formando esta legião de fanáticos torcedores que se acostumaram com vitórias de tudo quanto era jeito. Graças a esta história nos tornamos uma família. Foi assim com muitos clubes. A geração nascida no final dos ano 80 e começo dos anos 90, por exemplo, viu o imbatível Paraná Clube, mas que ali ficou.
Esta geração que hoje acompanha seus pais ao Couto Pereira, não nasceu para perder. Nós também não nascemos, mas tivemos tempo de ver algo melhor do que o Coritiba dá hoje aos seus novos torcedores.
Para nós ficou a lembrança, o amor cultivado e guardado em nossos corações. Para nossas crianças de hoje, está sendo oferecido o quê mesmo?
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