Arquibancada
Alguém ainda respeita o Coititiba. No domingo, este respeito veio do atacante Ruy, dispensado da base Coxa, por não ter sido aproveitado. Quando há meses publiquei aqui um texto criticando o trabalho na base, dizia exatamente isso. Que muitas vezes escapam valores que os coordenadores nem percebem.
Hoje, Ruy é melhor que muitos titulares no Coritiba. Tudo bem, futebol tem destas coisas. O cara que não serve hoje, pode ser a solução amanhã, mas na base isso não pode acontecer. A base precisa ser vista com outros olhos. Olhos de futuro e também financeiros. Só ela é capaz de perpetuar um clube. Quem trabalha na base, precisa enxergar coisas que o resto do departamento de futebol não enxerga.
O menino sub 17 ou de categoria inferior, com menos idade, geralmente procura fazer seus primeiros testes no clube de coração. Se for reprovado e tiver algum talento, e ainda contar com apoio em casa, segue – às vezes com uma longa caminhada de testes pela frente.
Certa vez conversei com o pai de Nilmar, artilheiro e atacante, hoje no Internacional de Porto Alegre, com longa passagem nestes últimos anos pelo futebol espanhol.
Com o mesmo nome do filho, seu Nilmar me contou que foram anos de testes, primeiro no Bandeirantes, onde nasceu o menino, depois no Matsubara. Numa taça São Paulo, foi visto por alguém do Inter (onde começou a carreira). Mesmo sem dinheiro, o pai bancou a estada do menino por lá. Primeiro ficou no alojamento do clube e depois foi para um aparamento, alugado por ele. Seu Nilmar fiscalizava de perto, o pessoal do Inter também. Assim nasceu Nilmar, cuidado e carregado pra cima e para baixo, coisa que nem todos os clubes oferecem. Hoje, o Inter é o que vemos. O Coritiba também. É como seu Nilmar, como o Inter que se cuida de suas crias.
Ruy não comemorou o gol que fez contra o Coritiba, no domingo, cena não muito comum no futebol. Digna de respeito. Só por isso, este menino merecia mais uma chance com a 10 que tanto procuramos e ainda não temos. Quem sabe o amor e o respeito que Ruy ainda nutre pelo Coxa, seja capaz de colocá-lo como a solução para o nosso principal problema. Sim, porque outros já tiveram esta oportunidade e não resolveram. Quem sabe seja do amor de Ruy que mais precisamos.
Estamos numa “draga” tão grande, que chego a acreditar mesmo que a solução seja por um caminho destes, que só nos absurdos do futebol encontramos explicação.
Sem amor, mas com a dedicação e a vontade de Ruy, foram muitos e serão vários nestes próximos anos, se o trabalho em nossa base continuar sendo mecânico, sem uma atenção especial que o assunto merece.
Até nosso principal rival, o A. Paranaense faz isso melhor. É verdade que nunca em beneficio próprio, sempre pensando em seu resultado financeiro, mas já é um clube com tradição na revelação de base. Pelo menos revela muito mais do que nós.
Agradeço o respeito de Ruy em não comemorar seu gol, feito no domingo. Aquela altura da partida já tava mesmo muito doído ver aquela festa em nossa casa.
Ruy é só um exemplo. Tudo bem, não é um craque, mas como disse acima, é melhor que muito cabeça de bagre que temos em casa e o amor que demonstrou pelo Coritiba, já é um bom começo para reatar suas relações com o Coxa.
Que os bons ventos o tragam...o receberemos de braços abertos, Ruy. E que com a camisa do seu clube do coração, você possa comemorar muitos gols neste brasileiro.
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