Arquibancada
O Jornalismo ainda faz as retrospectivas de final de ano. A mais tradicional é a da Globo, até pelo arquivo que possui. Mas confesso não ter nenhum interesse por estes programas, principalmente nos últimos anos. Não me sinto nem um pouco atraído pelas desgraças repetidas. É uma espécie de “veja de novo” – principalmente de cenas que impactaram o mundo.
Estava remexendo meus textos aqui, e achei alguns produzidos em anos anteriores. Entre tantos, me deparei com três que mandei para o presidente Vilson Ribeiro de Andrade (me passou pela cabeça uma retrospectiva como as da tv – como um filme de terror).
Um deles é bem recente e os outros foram enviados há mais tempo. Tem um, o da primeira gestão, onde agradeço a ele o fato de ter nos devolvido a autoestima, recolocando o Coritiba entre os grandes. Deste texto tive inclusive a resposta. O ex-presidente foi gentil e agradece.
Do segundo- que foi feito com num tom mais de cobrança - tratou do primeiro grande susto do ano passado, quando quase caímos e escapamos com aquele famoso gol de Lucas Claro contra o São Paulo. Deste texto também obtive resposta. Neste caso o presidente já não foi tão gentil, mas respondeu dizendo que estava trabalhando para reverter o quadro. Foi mais direto do que no primeiro, onde se alongou mais. O terceiro é bem recente, também tive o cuidado de ser educado como nos demais. Foi uma cobrança mais incisiva pelo desastre de sua administração dos dois últimos anos. Deste texto não tive resposta.
Inevitavelmente acabei fazendo uma retrospectiva dos problemas enumerados nos textos. Me chamou atenção o que não é novidade pra ninguém : eles se repetiram em dois anos seguidos. Com pequenas e sutis diferenças, 2013 e 2014, foram muito parecidos. Uma retrospectiva que não faço questão de me aprofundar.
O comportamento de responder nos primeiros e não me dar bola no último, me pareceu evidente. O presidente Vilson parecia já estar cansado e envolvido com problemas maiores do que parar para responder a um torcedor insatisfeito.Não é novidade o que penso a respeito de tudo isso e não gostaria de voltar ao tema. “Rei morto, rei posto”.
Na verdade prefiro me ater a uma questão que parece ser de comportamento geral para quem frequenta o poder, com um comportamento clássico de quem tem a decisão nas mãos. Com exceção de alguns poucos, a maioria parece mesmo se inebriar com as benesses que o poder oferece.
Não me refiro apenas ao caso do Coritiba, mas do comportamento da maioria que ostenta algum tipo de poder , em qualquer escalão. Parecem seres intocáveis e irrepreensíveis.
A gente sabe que neste mundo do futebol não nos é dado saber nem uma milésima parte do que de fato acontece nos bastidores. Quem de nós não tem uma história cabeluda sobre um “causo” envolvendo um dirigente, um atleta ou até de uma cena casual de bastidores?
O poder parece mesmo ser o problema – não só no futebol –. Parece ser a morada da grande dificuldade do ser humano. Quem aí não ouviu a famosa frase: quer conhecer um homem, dê a ele poder”!
Poder e futebol parecem combinar. Dá uma mistura bombástica. Um coquetel preparado pelo demônio, uma bomba relógio difícil de desarmar, principalmente quando permite reeleição e acrescenta ainda uma pitada de vaidade.
Por isso, cuidado, meu caro presidente Rogério Bacellar! A nossa retrospectiva não anda muito diferente das cenas de terror apresentadas pelas tvs, e não gostaríamos vê-las se repetindo nos próximos anos.
Por estes dias, deve cair no seu colo, as decisões dos grupos interessados na aprovação da lei de responsabilidade fiscal do futebol, que tem tudo para ser aprovada ainda em 2015. Pelo que sei, os muitos interesses de gente de pouco escrúpulo, anda circulando fácil pelos corredores, onde a lei está sendo costurada.
Isso pode lhe dar o céu ou o inferno. Pode ser a redenção dos clubes endividados, problema vivido pela grande maioria, mas pode acabar definitivamente com o que resta de outros.
Desatando este nó, quem sabe o senhor consiga nos dar melhores dias, com mais sossego para a torcida e seus comandados na direção do clube. Acredito ser esta a grande prioridade administrativa neste momento da sua gestão, além é claro, de montar um time competitivo.
Com isso, o senhor nos poupa dos filmes de terror. Já está mais do que na hora do torcedor Coxa olhar pra trás, fazer a retrospectiva do ano, e sentir orgulho do time que tem e da administração que comanda o clube.
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