Arquibancada
Por mais que lamente a qualidade do futebol praticado pelo Coritiba, ainda me resta a esperança, e nela está a mística do Couto.
Foi a única resposta que encontrei me perguntando onde devo me agarrar neste momento, já que jogando, o time não corresponde?
O curioso é que não estou sozinho, sou acompanhado por milhares que parecem comungar do mesmo sentimento. Todos envolvidos pela esperança - que do lado de fora, vibrando – podemos reverter esta encrenca em que o time nos colocou (mais uma vez).
Domingo é dia de tomar o café da manhã na caneca com o emblema do Coritiba. Vestir a cueca do avesso, tirar o manto sagrado do armário. Depois do almoço, deitar para um breve descanso, sem conseguir pregar os olhos, porque será dia de decisão. O coração estará mais acelerado e só se acalma no final da tare, início da noite, quando tudo estará terminado.
Neste domingo, todos os caminhos precisam nos levar ao Couto. Dia de ir cedo ao estádio para se sentar no mesmo lugar de sempre - o da sorte - porque só com ela e muita superstição, venceremos e iremos à final.
Se você não tem estes rituais da cueca, da camisa da sorte, de tomar café sempre com a mesma caneca em dia de jogo, é bom começar a aprender a se agarrar em uma destas coisas. É regra no futebol: quando a coisa não anda em campo, a gente precisa arrumar um jeito de ajudar o time. Chamo isso de transformação do sofrimento em energia positiva. Porque ficar ali, na arquibancada, com cara de quem não tá nem aí com o que acontece lá no gramado, não dá.
Se você acha estranho se prender a estes argumentos, é porque o futebol ainda não te judiou, ou é novo em sua vida... não lhe mostrou o que de fato é sofrer sem que nada possa ser feito. Superstição é a principal arma do torcedor, antes que vire tristeza. É o último recurso dos incompetentes (que não somos nós).
A superstição estará em você quando olhar pro campo, já com a partida acontecendo, e não há nada em sua frente, porque ultimamente é esta a impressão que a maioria dos nossos atletas me dão. Só vejo uma camisa verde e branca. Tirando três ou quatro jogadores, a maioria deletei de dentro de campo. A camisa se move sozinha, não há ninguém com ela. São as cores e o emblema que minha visão alcança. Não mais que isso. O movimento da camisa em campo é a força da minha energia positiva. E assim fico os 90 minutos. É tenso.
Depois da missão cumprida, tenho a sensação que também estive lá dentro. É que na verdade fui eu que vesti aquela camisa que parecia se mexer sozinha. Sinto dores pelo corpo, como se tivesse jogado.
Saio do estádio me achando o tal. Achando que meu time naquele momento é o melhor do mundo.
Já a caminho de casa, acordo, e vejo que tudo passou e que o Campeonato Brasileiro está aí e não terei força suficiente para carregar meu time nas costas. Bem, isso é assunto pra outra conversa, é outra história...
A vida é real e neste caso o buraco é bem mais em baixo.
Por tanto, recupera a cueca ganhadeira, coloca pra lavar, faz o mesmo com a camisa vencedora, concentra tudo num altar pra domingo.
Rumo ao Couto! Vamos fazer a nossa parte!
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)