Arquibancada
Talvez jogar sem torcida seja uma das piores sensações que um atleta profissional pode experimentar. Coisa que o Paraná Clube nos fez experimentar neste domingo. Tudo por conta da sua incompetência administrativa.
Nem quando joguei pelada nestes campinhos de bairro - alguns de terra - foi sem torcida. Quando fazia rachas na rua de casa com os amigos, jogávamos sem torcida. Sempre tinha um vizinho nos espiando pela janela, se divertindo com a nossa brincadeira que durava horas.
Neste domingo, nem vizinho, nem além dos alambrados, nem lá de cima do viaduto, ninguém capaz de oferecer alguma resistência ao que determinou a PM, de deixar o clássico acontecer na Vila, desde que com portões fechados, sem torcida. Nem para 7 mil, nem para meia dúzia de interessados pelo ParaTiba.
Triste, viu! Sem torcida não dá! Não tem graça! O futebol fica bem mais pobre. Como foi pobre o jogo apresentado.
Quem sabe a culpa deve ser mesmo da torcida. Sim, porque sem ela, parece que perderam a vergonha de jogar mal. Não corriam o risco da vaia, dos xingões no alambrado. Ficaram mais à vontade para um jogo de compadres, sem gols, com raras oportunidades de lances de área, em alguns momentos, longe de lembrar que aquilo era uma partida de futebol.
Tudo bem, Marquinhos Santos deixou claro que com esta escalação estava abrindo mão do primeiro lugar no Campeonato. Sabidamente não seria com quase 90% do time alterado, usando alguns atletas que ainda não vingaram, que a coisa funcionaria.
Internamente, durante a semana, decidiram por esta opção, de poupar alguns atletas, além dos suspensos. O que conversaram nos bastidores, só eles sabem, e o que vimos não foi mesmo nenhuma surpresa. Não dava para esperar muita coisa com este time escalado para enfrentar o Paraná. Como disse durante a semana, o sorte se sobrepôs ao juízo e os resultados ajudaram e terminamos em primeiro lugar, como tinha que ser.
Sem saber, acabaram acertando: era com este time mesmo que se joga sem torcida, para que ninguém veja a qualidade do futebol que apresentaram.
O clássico também me serviu para mais uma reflexão. Francamente, olho para alguns destes nomes, como Pedro Ken, Mazinho, Rodolfo e até Keirrison, e não vejo outra saída a não ser que completem o time de baixo, nos coletivos, como a figura do sparring no box. Acaba sendo triste ver um ídolo do passado, como Pedro Ken, ainda novo, mas muito longe do futebol que o consagrou. O problema é que parece não ser apenas um mau momento, faz tempo que a bola anda fugindo dele.
Telhado de vidro
Quem diria, heim! A "arena da rebaixada", estádio de primeiro mundo, com teto retrátil, esnobando o "Ruralzão", agora palco de uma das cenas mais PATÉTICAS até aqui do futebol do estado. Esta encantada e decantada arena, construída com dinheiro do povo, apenas para nobres, padrão FIFA, agora será palco do Torneio da Morte do Campeonato Paranaense. Será lá dentro que decidem os últimos, os rebaixados para a segunda divisão do Paranaense, tão desprezado por eles. Quis o destino que seu final fosse este. A língua é mesmo o chicote da bunda. A esnobação com sub-crianças, de 23 anos, o telhado de vidro e outros bla bla blas, deixaram um saldo "furacaniano" neste início de temporada por aqueles lados. Nem mais e nem menos. Exatamente do tamanho da língua de seu presidente falastrão e de todos que acreditam nele. No fundo, torci para que passassem para a fase seguinte. Seriam nossos adversários agora. Não deu, que pena!
Estão exatamente onde a soberba manda que estejam. Sejam felizes e que se fartem de jogar o Torneio da Morte em sua tão distinta casa. Só cuidado para não desprezar os adversários, colocando em campo novamente as sub-crianças, de 23 anos. A segunda divisão é logo ali. Desta vez não terá bote salva vidas arremessado lá do Alto da Glória e da Vila Capanema, como em 1967. Abram o olho!
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