Arquibancada
Se é que conseguimos seguir a vida, se é que podemos falar de futebol, se é que temos cabeça para desanuviar e esquecer os graves problemas do confronto, que colocaram policiais, professores e servidores públicos, frente a frente, neste inesquecível 29 de abril, manchando a história do Paraná.
Confesso, ainda estou sob efeito das imagens e dos sons provocados nesta tarde de quarta-feira, vindos da Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, que me deixaram pensando que não tenho vocabulário para definir, tudo que vi e ouvi neste dia. Covardia, massacre me parecem não definir exatamente o que houve de fato na tarde de 29 de abril.
Nossa senhora de Salete, rogai por nós!
Do outro lado da cidade, alheio a tudo isso. Um grupo de pessoas trabalha para outra batalha, a do dia 3 de Maio, dois dias depois de todos nós trabalhadores, termos comemorado o dia do trabalho.
Trabalho que certamente precisa ser feito de outra forma, no mínimo de uma maneira diferente do que foi feito até aqui. E é isso, apenas isso que me motiva para o grande jogo de domingo, contra o Operário. Gostaria de ser um pardalzinho e ver os treinos secretos que Marquinhos anda fazendo lá pelo CT da Graciosa, de ser um bichinho e entrar em sua cabeça e entender o que pensa estrategicamente sobre este jogo decisivo.
Imagino que seja ele o maior trabalhador desta turma toda. Que vai arrumar o time para a decisão de domingo.
Além de quebrar a cabeça com estas conjecturas, quem sabe tenha acordado para o “nó tático” que levou no domingo em Ponta Grossa, como levou contra o Foz e contra o Londrina, na primeira partida da semifinal.
Já deveria ter aprendido, mas antes tarde do que nunca. Vejo em Marquinhos a nossa única saída, mas desde que encarne o espírito de Elba de Pádua de Lima - o Tim, um dos maiores treinadores que passou pelo Coritiba nestes mais de 100 anos de história. Tim mudava a história de uma partida no vestiário, coisa que poucos treinadores conseguem fazer. Quem sabe Ênio Andrade tenha feito um trabalho parecido ao de Tim.
Entramos na reta final e imagino que quase terminando a semana, Marquinhos já tenha se dado conta dos problemas que têm e já tenha encaminhado as soluções. É dele e nas suas atitudes, diante dos trabalhos da semana, e durante o jogo, que o futuro dirá se o Coritiba será mais uma vez campeão estadual.
O primeiro desafio está em Marquinhos arrumar o time admitindo as limitações que têm. Não será por um milagre, como num passe de mágica que estes 11 atletas vão virar craques. Não há milagre no futebol, apenas surpresas eventuais e estratégias. A do Coritiba, deve ser traçada por Marquinhos. Só ele será capaz de dar o troco ao técnico do Operário, Itamar Schulle. A vitória deve vir do banco e apenas isso é o que espero desta partida.
Porque além de entrar com a força máxima, Marquinhos precisa preparar surpresas ao Operário. Se jogar como vem jogado, não fará o serviço de casa e vai carregar nas costas por muito tempo o vice-campeonato.
Mas prefiro acreditar que será bonito ver pela primeira vez o Coritiba jogando pra cima, com o relógio ditando o ritmo desta pressa - aliada do Operário e adversária do Coritiba.
Um gol até os 15 minutos do primeiro tempo, muda a história da partida. Um time arrasador como no segundo tempo contra o Londrina, na partida do Couto, é tudo que o Coritiba precisa. Esta deve ser a primeira preocupação, mas também o primeiro problema. A pressa e a necessidade podem ser inimigas. A famosa frase: “fazer o segundo antes do primeiro”, cabe bem aqui.
Ingredientes que por nada, me tiram do Couto neste domingo.
No mínimo será um grande teste para o Brasileiro que começa em uma semana e meia. Um teste para o coração da torcida, isso sim.
Além da minha torcida, levo junto todas as minhas desconfianças, e você sabe muito bem porque.
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