Arquibancada
Sou torcedor de arquibancada de madeira. Se as arquibancadas não eram de madeira, pelos menos as cabines de rádio eram. Ficavam ali, na Mauá, que agora chamam Pro Tork.
Não lembro da primeira vez que entrei no antigo Belfort Duarte, mas sei que isso foi quando tinha 3 anos, no colo de meu pai. Por tanto, há 56 anos. Dizia meu pai que chorei no primeiro gol, assustado com o grito da torcida. Acho que sou motivado pela mesma sensação até hoje. Sim, sou dos que chora em estádio de futebol especialmente no Couto, e com o Coritiba onde estiver.
Não acho que ninguém é mais torcedor que ninguém. Cada um tem seu jeito de torcer. O meu é este. Sou levado muito pela emoção. Tenho uma história muito forte desta relação com o Coriitba desde criança, e que foi ficando intensa na medida que os anos foram se passando.
O Coritiba dos anos 60 e 70 foram intensos em minha vida, não só pelos fortes times montados nesta época, pelas conquistas, mas principalmente pela relação direta que tive com o clube ( fatos que já contei aqui uma ou duas vezes).
Faço toda esta introdução, motivado pela festa de domingo, que mais uma vez me emocionou. Coisa que ainda não vi em nenhum outro estádio... coisa que só a torcida do Coritiba é capaz de proporcionar.
O placar de 2 x 0 foi perfeito. O Primeiro gol foi da vitória do Coritiba - do time - sobre o Atlético. O segundo gol foi da torcida que teve seu papel fundamental na vitória, desde cedo, quando promoveu a grande festa de recepção aos jogadores na chegada pela Mauá, e que se estendeu para as arquibancadas durante toda a partida. Quis o destino que este gol da torcida, fosse marcado por Negueba. Isso não deve ter sido por acaso, não.
São nestas horas que a gente entende melhor porque o torcedor é chamado de o “décimo segundo jogador”. Por isso, do jogo de domingo, um gol pra cada lado: um para o Coritba e outro para a torcida. É mais do que justo.
Ontem (segunda-feira), fomos brindados por muitos e muitos vídeos com a festa de domingo, publicados nas redes sociais. Muitos ângulos e pontos de vista. Eram as manifestações de alegria da torcida que junto com o time recolocou ordem na casa. O time finalmente deu à sua torcida o que ela mais queria e precisa: uma vitória num atletiba para sinalizar definitivamente uma recuperação, com mais uma vitória entre tantas nesta história do clássico.
Não é em qualquer lugar do mundo, onde se joga futebol, que um time começa a rodada na zona do rebaixamento e sai desta situação carregado no colo da torcida.
Nas imagens feitas dentro do ônibus, na chegada da delegação ao Couto, é possível perceber que aquilo teria um efeito devastador dentro de campo.
Não teve talento adversário, não teve Walter na cara do gol, não teve bola que não bateu na trave, não teve chute que não tenha sido dado pra fora, que não tenha recebido também a força que vinha da arquibancada, nas carrinhos de Negueba, na luta de Juninho e Walisson, que não tivesse a força que vinha da arquibancada.
Domingo a torcida jogou como nunca. Não sei se nestes mais de 50 anos de Couto, eu tenha visto algo tão especial ou parecido.
Assim como eu, os mais de 30 mil Coxas, também devem ter saído cansados, tamanha a tensão e a força que fizemos durante o jogo. Jogamos junto, sim.
Como disse em texto anterior, os dois, torcida e time, parecem ter encontrado o ponto do respeito mútuo, que Deus queira, seja a máxima das próximas partidas e que seja o combustível para nos tirar desta situação que ainda é de risco.
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