Arquibancada
Me permitam uma reflexão sobre este Brasil de ontem, contra o Equador. Virei um papagaio de Edú Coimbra, treinador daquele Coritiba de 1989, quando tivemos o último grande time.
Numa conversa casual com Edú, naquela época, me disse ele que com um time daqueles (Osvaldo, Serginho, Carlos Alberto e Tostão), no meio, Chicão e Kazu na frente, o papel de treinador era de apenas distribuir camisa no vestiário. “Raras vezes atuava como treinador" , arrematou Edú. Tinha mais utilidade como psicólogo do grupo, do que como técnico.
De lá pra cá, passeia a acreditar nesta máxima, que ontem com Tite no comando da seleção, me provou o contrário. Ou Tite é mesmo um psicólogo e não treinador? Difícil responder isso agora. Mas é inegável que estamos falando de um treinador com estrela, carismático, com um grande toque de Midas. Onde põe a mão, acerta. Sua fala mansa talvez entre melhor nos ouvidos viciados da boleirada. Não sei.
Gabriel Jesus fez ontem o que ainda não tinha feito. Ou eu ainda não tinha visto deste jogador. Chegou a recuperar um toque que julguei perdido no futebol brasileiro. Dois golaços. O primeiro com um toque genial, surpreendendo goleiro e zagueiro. No segundo, outra surpresa genial, quando todos esperavam mais um toque para uma aproximação melhor dentro da área. Decide pelo chute inesperado exerça o que parecia improvável.
Muito cedo para dizer que a Seleção acertou. Mas não dá pra negar que com Tite foi outra coisa. Queira Deus que seja isso. Todos ganhamos com isso. Inclusive o Coritiba. Muito de longe conseguimos uma rebarba numa provável redenção do futebol brasileiro, se é que vai haver.
Eu que há anos andava descrente e desinteressado com a Seleção, confesso, que senti uma pontinha de orgulho em ver principalmente os dois gols de Gabriel Jesus com uma vitória incontestável na altitude do Equador, até então líder das eliminatórias.
Que o espírito de Tite encarne em Carpegiani, que Gabriel Jesus inspire Kleber, Kazim ou Berola. Que Iago seja o mesmo salvador que anda nos dando o que há anos clamamos: o iluminado das horas difíceis, como vem fazendo. O ídolo, mesmo que ainda embrionário, mas que já nos dá alguma alegria. Que tenhamos daqui pra frente, um Coritiba inspirado neste time de 89, quando Edú só distribuía camisa no vestiário. Que Carpegiani e nós torcedores, possamos ter um pouco de sossego, com mais alegrias do que preocupação e tristezas.
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