Arquibancada
Já sentado no restaurante, o garçom chega para atender e simpaticamente vai enchendo minha bola com uma pergunta quase afirmativa: “de quanto o Coxa ganha, amanhã”? Respondo comedidamente que a coisa não é bem assim, que a decisão começa no domingo e ainda tem uma segunda partida na semana que vem. Ele me diz – “mas o Coxa é o Coxa”! - “Não senhor”, insisto, colocando um freio definitivo no entusiasmo do moço. De bola mais baixa, me diz: “mas o Coxa foi campeão brasileiro, tem mais torcida, tem mais títulos”. Olho pra ele e apenas consigo sorrir.
Mal sabe o inocente torcedor que nada disso conta agora, que tudo isso fica igual quando não se tem um time bom em campo. Mal sabe ele que futebol é momento. Nenhuma história, nenhuma camisa transforma cabeça de bagre em craque.
Nem a história do grande time de 89, um dos maiores que tivemos recentemente, seria capaz de reverter um desastre anunciado como este. O barco já estava à deriva e não fomos capazes de ver. Não há milagre na história do futebol, que transforme água em vinho.
“Já deu, Vaná”! Este foi o título da principal coluna que publiquei aqui, no meio da semana. Parece que os anjos me assopravam. Era um aviso pelo que ainda estava por vir. Mal eu sabia que momentos piores ainda me reservavam mais irritação com este goleiro. Ou você vai dizer que Vaná me lê toda semana e ficou abalado com a coluna e a culpa de mais uma péssima partida dele, é minha, por conta do post publicado aqui no blog? Um dos torcedores chegou a dizer que preferia Vaná porque com ele o medo que sempre teve com Vanderlei, nas bolas cruzadas, havia sumido. Insisto: Vaná erra em tudo. Vaná erra em fundamentos.
Mas a esta altura, não seria leviano de culpar Vaná pelo fiasco de mais esta derrota. Também nem seria leviano de culpar nenhum dos jogadores que foram a este belo passeio bucólico que fizeram pelos Campos Gerais, e que entre o tour, conheceram o Germano Kruguer, um dos mais tradicionais estádios do nosso Estado.Nenhum destes caras pode ser responsabilizado pela patética partida que fizeram. Trocam trabalho por dinheiro e fazem o que podem.
Quando trouxeram eles, para vestir a camisa do Coritiba, sabiam o que estavam contratando.
Imagino que cada um deu o seu melhor. E acho que todo o nosso problema mora exatamente nesta questão. O melhor de cada um deles é pouco, muito pouco para o Coritiba. Pelo menos para a torcida do Coritiba, acostumada com muito mais com o que cada um deles pode nos oferecer.
Por isso, agora, acho que o garçom tinha razão. “Mas não é o Coritiba que está em campo”? Cadê o temido time dos anos de ouro?
Como disse outro dia, o companheiro Marcus Popini, estão pedindo tolerância, quando já fomos uma torcida exigente com qualidade. A bolinha que andam jogando com a nossa camisa é futebol de suburbana.
Na semana entre as duas partidas contra o Londrina, fiz várias convocações ao torcedor, achando que como sempre, estava em nós a virada deste jogo, como acabou acontecendo.
Desta vez, francamente, já não sei mais. Tenho até vergonha de começar nova campanha de convocação, mas não vejo outra saída. Mais uma vez, está em cada um de nós a força que eles não encontram no gramado. Pela instituição Coritiba.
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