Arquibancada
O grupo de jogadores que ainda está em formação, para a partida contra o Goiás, parece estar fechado em torno da triste história do K9 e seu filho. Assim como todos nós, a história abalou os bastidores e entre as manifestações surgem apoios ao companheiro de grupo que recentemente foi o centro das atenções de um grande mal estar com a torcida e dirigentes.
O ser humano ainda tem solução. Pelo menos é o que fica claro nestas manifestações de apoio a um pai que perde seu filho de forma inesperada e até trágica. Parece que ainda somos capazes de colocar a dor, o sentimento acima de tudo, numa demonstração de amor ao próximo, graças à Deus.
Keirrison ainda incorporado ao grupo, recebeu o carinho de toda a torcida e de todos os companheiros para superar, talvez a maior dor que o ser humano pode conhecer, que é perder alguém próximo, e que todos vivemos ou vamos viver em algum momento de nossas vidas.
O mínimo que se espera é a solidariedade humana num momento como este. E foi o que vi desde a manhã desta quarta -feria, quando a imprensa anunciou a morte do pequeno Henri Lucca, de 2 anos.
Os atletas do Coritiba prometem uma dose a mais de esforço em homenagem e respeito ao amigo, companheiro de profissão.
O volante Alan Santos contou que esteve no velório para apoiar o colega e ficou muito emocionado. Disse ainda que vai correr mais na partida contra o Goiás, quando o Coritiba faz um jogo decisivo para sua permanência na Série A.
- “Quando cheguei lá para dar abraço nele, chorei muito, igual a uma criança. Ele era um cara que estava no dia a dia com a gente, um cara sensacional e agora vamos tentar reverter a nossa situação como se fosse um troféu para ele. Se eu botar na cabeça que eu tenho que correr para ele, tenho certeza que, para mim, vai ser uma guerra com o Goiás”, arrematou Alan Santos ao site de notícias globoesporte.globo.com.
Não tenho a pretensão de avaliar o estrago que uma fatalidade destas promove numa família, tão pouco num grupo de jogadores de futebol, especialmente como do Coritiba que vive um momento delicado na principal competição do ano.
Eu apenas sou capaz de ousar para tentar entender como o futebol é forte e faz parte da vida das pessoas, a ponto de mobilizar uma multidão em torno de um problema ou de alguém fragilizado. Como uma vitória, uma doação é capaz de diminuir - por pouco que seja - a dor de um pai que acaba de perder o filho.
Se há doação além do normal, deduzo duas coisas: a morte do menino mexeu demais com todos e que para Keirrison esta doação será um presente de seus amigos. Todos saem fortalecidos disso. A criança que ganha energias positivas para buscar sua luz, o pai que ganha conforto e carinho, e o clube que pode sair desta situação em que se encontra.
O futebol me surpreende cada vez mais. Por mais que eu viva, ainda não terei visto o suficiente para entender o tamanho dele na vida das pessoas. A sua capacidade de mexer e remover, às vezes o impossível.
Muita luz ao menino, Henri Lucca!
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