Arquibancada
Vejo na página “Coritiba Oficial”, no Facebook , que o craque Zé Roberto aparece em visita ao presidente Rogério Bacellar. A primeira imagem que me veio foi um gol dele, que jamais esquecerei. Mas antes, quero reforçar mais uma vez, a ideia do COXAnauta, fabiofrotte.
Por ser muito boa, não pode cair no esquecimento. Ele sugere que a diretoria Coxa, imite a atitude dos turcos, quando ergueram uma estátua para Alex. Por aqui parece que já passou da hora de fazer o mesmo pelo nosso ídolo maior, Kruger, também com uma estátua no Couto Pereira.
Concordo que a figura de Kruger vai mesmo além de uma sala escondida dentro do estádio. Precisa mesmo estar exposta para ser vista e respeitada por todos. Em lugar mais que especial no Couto Pereira.
Está feita a sugestão. Uma estátua para Kruger na entrada do Couto. Quem sabe no estacionamento, ou na entrada da Central de Relacionamento, ou em algum lugar especial na arquibancada? Não sei onde, mas a ideia precisa vingar. O que acha disso, presidente Rogério Bacellar?
Voltando a falar de Zé Roberto: com certeza foi quem sabe a única unanimidade entre torcedores do Coritiba e Atlético. Os dois clubes chegaram a disputar o passe de Zé Roberto, que jogou mais pelo Coritiba, onde fez história.
Entre tantos gols, marcou história com um, feito de calcanhar, tocando entre as pernas do goleiro Félix, do Fluminense, recém chegado da Copa de 70.
Impossível não ter ainda registrada aquela cena no gol dos fundos do Couto. Bola cruzada da direita, Zé recebe de costas mata no peito. Parecia não ter muita opção a não ser procurar alguém para o passe, que viesse de frente para o gol. Na confusão que já se formava na pequena área, Félix apenas protegia com o apoio de sua zaga. O óbvio não foi o que pensou nosso centroavante. Inesperadamente ele pisa na bola, ajeita e sentindo a aproximação dos zagueiros e do goleiro, toca de costas, de calcanhar para o gol. A bola entra lentamente, antes passando entre as pernas de Félix. Não esqueço do ar debochado de Zé Roberto naquela comemoração... a torcida delirou junto com o Zé.
Muito mais pela beleza, havia na façanha daquele gol, um goleiro de seleção e do respeitado Fluminense.
Zé Roberto jogou no fim dos anos 60 e começo dos anos 70, quando craque de bola era primeiro quesito para jogar futebol. Hoje, um jogador com a qualidade dele, teria lugar em qualquer time do mundo e seria mais badalado que os top 10 que circulam por aí.
Os lugares que Zé Roberto frequentou com suas famosas fugas das concentrações, apenas mudaram de nome. Hoje se chamam “balada”. Nada diferente do que fazem muitos jogadores destes tempos de escassez de craques, com mais uma grande diferença: Zé, amanhecia na balada e arrasava no atletiba do dia seguinte. Saudoso Evangelino que o diga!
Em tempos que Júlio Cesar, Zé Love, Keirrison, Deivid, Giva, Bil, Ariel são as opções, penso duas vezes antes de chamar alguém de craque.
Tendo visto tudo que vi, fiquei chato e com pouca paciência para engolir o futebol que andam me oferecendo.
Craques brotavam naquela época. Não se sabia direito de onde. Mesmo na zaga, onde tradicionalmente o cara não era provido de muito talento, tivemos muitos. Lembro de Nico e Bequinha, uma dupla quase imbatível. Nico era o italiano de Santa Felicidade, açougueiro de profissão - que contavam - matava porco com um soco. Bequinha era clássico. Zagueiro magro que saia jogando. Desarmava e tocava. Coisa que os volantes devem fazer hoje.
Também tivemos mais recentemente na zaga outro craque. Claudio Marques. Um dos poucos zagueiro talentosos e firmes na marcação. Oberdan e Pescuma, foram outros nomes que marcaram muito, também com um futebol clássico. Estou falando só de Coritiba.
Foram tempos que os craques surgiam em grande quantidade, independente de posição.
Na época, o sentido de formar jogador na base era outro: primeiro que o nome não era este e segundo porque a maioria, ou muitos, começaram no futebol sem passar pelo que era chamado de juvenil ou infanto- juvenil. Também não havia o atravessador, que hoje ganhou o título de empresário.
Sim, o futebol mudou. Mudou tanto que pra montar uma Seleção Brasileira hoje temos apenas um craque (Neymar). Naquela época, havia um ou até mais de dois craques por posição. Zé Roberto foi um deles. Kruger também.
Dos zagueiros que citei, muitos jogariam de olhos vendados no futebol de hoje.
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