Arquibancada
Junto com a primeira apresentação do time à sua torcida, com um público até surpreendente, pouco mais de 4 mil torcedores, o Coxa voltou ao Couto para alegria de uns, expectativa de muitos e tristeza da maioria.
A tristeza não pelo placar, mas pelo futebol. O que também não é novidade, porque é o que temos tido já faz algum tempo.
Até os menos exigentes esperavam no mínimo uma vitória. Afinal, ainda havia a expectativa, do sobrenatural de almeida agir. Não agiu e mesmo com os velhos argumentos de “ início de temporada – time se ajustando – muitos ainda não se conhecem – outros ainda estão por chegar - outros em fase de adaptação” etc.
Qualquer torcedor é capaz de perceber que teremos um ano NOVAMENTE DIFÍCIL. Mais difícil ainda é classificar se apenas difícil ou muito difícil?
Ainda que timidamente, também foi possível ouvir um outro aliado da insatisfação nesta primeira partida em casa: a vaia. A velha e combatida vaia que até já se impregnou ao Couto. A tão falada e combatida vaia que incomoda os que vivem do futebol no Coritiba, que dizem que isso só se vê no Coxa, tentando tirar do torcedor a liberdade de se expressar, deixando nas costas deste torcedor - que se manifesta desta forma - a responsabilidade pelo mau momento.
Não sou do time da vaia, nem nunca fui, pelo menos neste momento de maturidade da vida.
Como a arquibancada de um estádio de futebol é um laboratório de sociologia, os que vivem dele, já deveriam ter aprendido a conviver com todo tipo de manifestação.
No caso do Coritiba, não é preciso dizer que mais um mau resultado ou mais uma partida fraca tecnicamente, a vaia vai ficar mais forte e o público novamente voltar a debandar do Couto e do quadro associativo.
Porque na cabeça do torcedor mais humilde, por menos sonhos que tenha, admitir o nível baixo, é aceitar a sua pequenez. E contra isso, parece que muitos ainda brigam bravamente.
Para quem ainda não entendeu, a gente desenha: sempre brigamos como grandes, nosso principal adversário já nos deixou para trás há tempos, com conquistas recentes. Os clubes do eixo, apenas nos respeitam como instituição centenária. Empatar em casa contra o Maringá, em outros tempos, tinha “virada de mesa”, no dia seguinte.
Repito, não pelo resultado, mas pela qualidade do futebol jogado, está difícil de engolir. Querem nos acostumar com pouco. Nos alimentamos apenas pela paixão que, aos poucos se transforma em ódio, por isso as vaias.
Vaia que nos últimos anos deveria ser entendida como lamento, como choro, como dor, como reclamação que ao torcedor acaba sendo seu último recurso, mas que tentam impedir dizendo que isso não se faz. É falta de respeito ao clube, dizem. Não percebem que a vaia é ao trabalho, a um grupo, a uma filosofia que não deu certo, a jogadores... nunca contra o Coritiba.
Não há MIT, não há unificação que seja possível com o mínimo de qualidade. Empatar com o Maringá, seja lá em que circunstâncias for, não dá mais pra aceitar. Por que não foi a primeira vez e pelo jeito não será a última.
Queremos ser convencidos, abrimos a porta, a poeira baixou, mas nada convincente foi feito. Não subestimem nossa inteligência. Não nos peçam nem silêncio e nem o fim das vaias. Enquanto a gente achar que nesta relação não houver reciprocidade, não há nada a fazer.
Façam algo mais e melhor, para que lá na frente a gente volte a se encontrar.
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