Arquibancada
Sei que deveria me calar. Que afinal de contas é o Coritiba que colocamos em questão e se as coisas já não andam boas, com as críticas podem piorar. Mas não dá. Se calar diante de situações como as que vive o clube, é carregar a sensação de omissão, de não ter feito nada, de sequer ter reclamado deste estado de coisas que se instalou, e parece que se enraíza cada vez mais dentro da cultura, não só do Coritiba, mas do futebol - especialmente do futebol brasileiro.
O caso de polícia que virou a confusão comandada por Kleber e com envolvimento de mais 7 jogadores em Foz do Iguaçu, no sábado à noite, parece ser mais um problema daqueles da cultura do futebol. No Coritiba tivemos Bil e muitos outros, em anos longínquos. Carlinhos e Caceres, ano passado, e agora Kleber e sua turma. A turma da “porrada”, da festa em lugar onde parece ser o preferido do jogador de futebol, mas que não deveria. Não só porque a maioria é casada, mas porque bebida, noitadas, festas e outros exageros, não condizem com a profissão que escolheram para viver.
Bando de mimados, despreparados, irresponsáveis e desrespeitadores de suas próprias famílias, de sua torcida e com total falta de compromisso com o clube que os contrata e paga seus salários.
Me espanta ainda mais, não ver uma nota oficial, uma manifestação contrária a esta baderna promovida em Foz, que deveria partir da direção do Coritiba. Nenhuma punição anunciada. Ninguém fala oficialmente sobre o assunto. Como se nada tivesse acontecido, como se ninguém soubesse dos fatos lamentáveis envolvendo as cores e o nome da instituição CFC.
Lembra a cena do pai descomprometido com a educação do seu filho. Pai do mal educado que apronta na rua, na escola e é chamado para prestar contas dos estragos físicos, morais e até financeiros, como os que promoveram numa casa comercial em Foz, o jogador Kleber, Carlinhos e outros. Mas para surpresa de todos, este pai, no caso nossos dirigentes, tomam as dores do filho fazendo de conta que nada aconteceu, lhe passando a mão na cabeça, preferindo o silencio diante dos fatos.
Que atletas de futebol sempre gostam e fazem das suas por aí, não é novidade, mas cabe aos dirigentes moralizar e impor limites, especialmente para esta garotada mimada, sem preparo e exageram com bebidas, mulheres, e alguns até com drogas.
Já passou da hora dos clubes (todos) arrumarem um atendimento profissional psicológico na base, mas muito mais sério do que oferecem hoje. Todos ficam ao deus dará e com alguma sorte, os que cruzam por seus caminhos com gente de boa índole, acabam sendo o diferencial, Mas não é o que acontece com a maioria. Sem preparo, a maioria cai na vida do glamour, regada a muito dinheiro e fama e se perde.
Além dos dirigentes, a imprensa também precisa assumir seu papel quando acaba promovendo estas histórias como no caso recente de que vi no Sportv, com a jornalista Nadja Mauad, quando na semana passada colocou no ar matéria enaltecendo a nova postura de vida de Kleber, o gladiador. A matéria vendia a imagem de um novo homem, reformado, mais calmo, menos agitador, mais comprometido com seu trabalho. Dois dias depois, lá estava o gladiador fazendo mais uma das suas, brigando, dando porrada, se metendo em confusão numa casa noturna em Foz do Iguaçu. Ser comportado não deveria ganhar destaque de ninguém, deveria ser obrigação do bom cidadão, do cara bem intencionado.
Não quero nem levar em conta que desde que chegou, Kleber nada fez pelo Coritiba. Nada deu em troca, a não ser esta confusão, levando o nome CFC, ao noticiário policial.
Ando mesmo muito cheio desta repetição de coisas. Dos dirigentes que passam a mão na cabeça destes pobres coitados.
Desta gente que faz de conta que são sérios e nós fazemos de conta que acreditamos.
Fechou-se um ciclo viciado, uma repetição de procedimentos que parecem não ter mais fim. Dirigentes, empresários e atletas ganham um dinheiro que só eles conseguem ver a cor e só isso que importa.
Um ciclo que para entrar, paga-se um pedágio muito alto. O primeiro deles é deixar valores morais do lado de fora.
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