Arquibancada
Fico aqui tentando achar alguma coisa que ainda não tenha sido dita sobre o Jairo. Não acho. Não quero me repetir e nem dizer o mesmo que todos e tudo já se disse sobre este personagem maravilhoso.
O dia pareceu mais triste do que tem sido estes últimos dias, para mim, por razões pessoais. Nunca estive com Jairo e nunca estivemos juntos, a não ser no estádio, em inesquecíveis partidas. Ele jogando e eu na arquibancada aplaudindo este genial goleiro. Também uma outra vez, depois de um Coritiba 3 x Fluminense 1. O jogo terminou e na Feira das Bandeiras, um grande evento realizado apenas uma vez na cidade, nos anos 70, no espaço que hoje é ocupado pelo Museu do Olho, onde antes de virar museu foram algumas secretarias de governo e órgãos do estado, recebemos a visita de Jairo.
Montamos uma barraca organizada pelo Cristina Gomes, filha do então governador, Emilio Gomes e pela Nina, filha de Evangelino Neves.
Conheci mesmo o filho dele, o Jairo Filho, o jornalista, que acabei fazendo amizade por conta da doença do pai.
Agora, no final da tarde, decido sentar e escrever o que me sobra desta quarta-feira melancólica de 6/2/2019.
Sem saber direito o que dizer, lembro que assim como Jairo, Célio, Tobi, e outros tantos ex-atletas que estão indo, como tantos outros que também já foram há mais tempo ainda.
Para falar só de Coritiba, e tentando fugir do óbvio, caio de novo na melancolia concluindo que com estas figuras se vai a história Coxa, ou que ainda resta dela em vida. Com cada uma desta figuras, parece que vai um grande pedaço do clube, e já há muitos anos não construímos mais nada para pelo menos ter do que nos lamentar daqui há mais 20 ou 30 anos. Não fabricamos mais ídolos como Jairo.
Na história recente, temos Tostão, Cleber Arado, Ademir Alcântara, Alex e acho que para por aí. São os fora de série que marcaram, num tempo que já começa a entrar para o museu. De lá para cá, fica um buraco, sem história para ser contada.
Não há como reverenciar o Coritiba destes últimos anos. Não há homenagem póstuma a ser feita a ninguém que mereça sequer uma lembrança. São poucos para serem lembrados, ainda assim, com muita reserva. Muitos deste recentes candidatos à ídolo Coxa, que chegaram e saíram pela porta dos fundos, sem muito alarde.
Nestes últimos 5 anos, é bom nem perder tempo tentando puxar pela memória o nome de alguém que mereça ser lembrado.
O Coritiba de Jairo foi um Coritiba inesquecível. Sem ser necessário lembrar o título de 85, quando o Jairão já estava quase se aposentando. Falo de antes, dos anos 70. Dos anos que não me canso de lembrar, sempre que posso. É deste Coritiba que vai junto com Jairo e que irá com seus ídolos, mas não irá com quem aqui esteve nos anos recentes.
Esta sensação de perder também a história do clube, mata o que ainda me alimentou até aqui.
É isto. Com Jairo e com muitos que já se foram e outros que se vão, vai uma história, sem que haja reposição para as gerações seguintes, que começam a ir ao estádio ou que começaram a frequentar o Couto há 10 ou 15 anos. Não terão nada, nem ídolos para lembrar. De alguém que emocione, assim como foi com Jairo, Tobi e Célio, só para lembrar das mortes mais recentes.
Para não ser apenas melancólico, dá para dizer que uma das poucas bolas dentro da administração de Samir, foi quando homenageou estas figuras, ainda em vida.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)