Arquibancada
A difícil relação entre torcedor e gestores, tá longe de ser entendida. No caso do Coritiba, até quarta-feira (23), a torcida que tinha baixado as armas com os ataques à Treecorp, retoma a artilharia após a derrota para o Paysandu. O time que vinha de uma ascensão inesperada, volta ao seu normal com uma injustificada derrota e, com ela, o retorno aos ataques da torcida à Treecorp.
Nada de novo, o futebol é assim, mais uns dias, a mesma torcida estará prospectando a temporada seguinte, a de 2025. E, olha, se o Coritiba retomar uma nova série de vitórias ainda neste brasileiro da série B, não duvido que ressurjam os otimistas acreditando que com a conjunção dos astros, tábua de marés, direção do vento, o Coritiba não tenha lá no final do túnel alguma possibilidade acesso.
Isso não é crítica e nem uma manifestação conformista. É para a gente tentar aliviar um pouco deste sofrimento que tem sido torcer pelo Coritiba nestes últimos anos. Porque não há nada neste mundo do futebol que explique uma saga como esta do Coritiba, com tanto amor e ódio em tão curto espaço de tempo.
O drama ganha tons de crueldade não só pelo tempo, mas pela intensidade da relação clube/torcedor. A paixão do torcedor Coxa não é muito comum entre o torcedor padrão. Eu mesmo, com mais de 60 anos de Belfort Duarte e Couto Pereira, desenvolvi defesas que hoje me ajudam e me poupam do que na média vive o torcedor de futebol. Por exemplo: só vejo jogos do Coritiba ao vivo, não perco tempo sofrendo pela Tv. Me distrai poder observar os outros na arquibancada, consigo tirar o foco do jogo quando a coisa tá feia. O sentar e levantar, indo buscar uma cerveja, anestesia e acalma. Também não leio nada na imprensa esportiva e nem nas redes sociais. Os comentários sobre o jogo durante uma semana no pós-derrota, não fazem parte da minha vida. O preço disso é uma distância do momento, claro, perco informações, não tenho a profundidade dos problemas, mas é a receita que uso para sofrer menos. Digamos, uma trégua que me dou ao luxo de ter.
Com mais de 60 anos acompanhando futebol, me sobra um extenso mosaico de belas cenas, de um futebol romântico, que como digo sempre, hoje deveria ter outro nome, para preservar grande parte destas cenas que montaram este meu mosaico com verdadeiras obras de arte.
O tempo vai deixando a gente seletivo, se preservando de sofrimentos possíveis de serem evitados.
Nem melhor e nem pior que ninguém. Já teve tempo que achei que não voltaria mais ao Couto Pereira, não poque o Coritiba vivia uma fase ruim, mas por desinteresse pela modalidade.
Outro dia, um amigo/rival no futebol (EG), me revelou gostar mais do futebol do que seu próprio time. Não é o meu caso. Talvez porque foi o Coritiba que me ensinou a gostar de futebol. Então, o clube vem em primeiro lugar. Além de uma história belíssima que vivi com o clube nas décadas de 60 e 70, não pelas conquistas, mas aproximação que tive com o clube e jogadores da época.
Siga firme, torcedor. A Treecorp vai se acertar e mais adiante colocará o Coxa novamente em seu lugar de destaque, mas aconselho seguir em oração!
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)