Arquibancada
Um grande time começa com um grande goleiro? No Coritiba temos certeza que não. Wilson apenas mantém uma tradição de bons goleiros num clube que sempre primou pela qualidade de profissionais gabaritados nesta posição. Vai de Joel, Célio, Manga, Mazaropi a Jairo e Rafael. Mas com uma diferença: todos sempre mantiveram esta máxima do futebol, de que um grande time começa sempre com um grande goleiro. Hoje isso passa longe do Alto da Glória. Temos um bom goleiro, mas não temos um grande time. Aliás, um time bem pequeno se é que vamos continuar usando tamanho como medida para dimensionar a qualidade do atual Coritiba.
Aliás, quando Vanderlei foi embora, passamos excepcionalmente sustos com Vaná e Bruno, mas logo, num golpe de sorte, acharam Wilson encostado no Vitória. Veio e resolveu. Mais que isso, Wilson anda nos salvando. Domingo por exemplo, fez novos milagres, impedindo uma nova goleada.
Quem sabe a melhor forma de avaliar o Coritiba de hoje seja esta. A situação é tão desastrosa que quando seria mais comum dizer que um goleiro salva um time da derrota, no nosso caso, dizemos que o goleiro anda salvando o time de goleadas. Pode isso? Percebem a sutileza da situação. Um bom goleiro para nos salvar de GOLEADAS, não apenas de derrotas. Porque das derrotas parece que ninguém é capaz de nos salvar mais.
Lá se foi o tempo que Rafael, Joel, Célio ou Jairo salvavam e lá na frente, ou do meio pra frente, alguém tratava de fazer os gols que um time precisa fazer. Coisa que o Santos de Pelé, por exemplo, nas décadas de 60 e final dos anos 70, vivia. Tinha um time que do meio pra frente fazia 6 ou 7 gols. A defesa tomava 4, mas pouco importava. O ataque era a principal peça do time, não o goleiro.
Açougue compra e revende carne, mercearia compra leite e pão e também revende; grandes redes de super ou hiper mercados, negociam uma infinidade de itens; zoológico cuida de animais; posto de gasolina vende gasolina, loja de carro, vende carro... e assim por diante.
Clube de futebol quando não produz jogador de futebol precisa comprar. Uns se dão bem na produção de talentos, outros, os mais abonados compram estes talentos. Virou mundo de quem pode mais chora menos.
No Coritiba quando o assunto é dinheiro, compra ou venda de jogador, as negociações geralmente levantam suspeita. É comum aparecer alguém questionando algo. Claramente há interesse pessoal acima do Clube. Há anos, transformaram o Coritiba num balcão de negócios. E hoje, o clube paga seu preço, chegando ao fundo do poço.
Meus caros, a discussão passa longe do que podemos supor. Pouco sei sobre os porões do Couto Pereira. Mas sei que conseguiram chegar no limite.
Preferia estar aqui falando de bola, do time que vai enfrentar o Figueirense, mas é preciso abrir o olho e ver um problema imenso, onde não consigo sentir outra coisa, que não seja medo de ver este Coritiba em vias de extinção. Exagero meu? Acho que não. Se estivéssemos falando de algo novo,talvez fosse exagero, mas este problema é velho e só agora consegue vir a conhecimento público. Parece que o Coxa ficou no tempo, não evoluiu e agora não consegue mais sair de onde parou. Perdeu o bonde da história, e não alcança mais o que já está bem à sua frente.
Oportunamente, o colega Marcos Popini levantou esta questão em sua última coluna. Disse ele entre tantas outras coisas: "seguimos mergulhando no abismo infinito, em uma queda vertiginosa cujo fim não parece encontrar-se em um “simples” rebaixamento, mas na aniquilação total de um clube que outrora já teve muitas glórias”.
A frase define bem a situação atual. Chegamos ao fundo do poço e parece ser necessário acordar para discutir os rumos do Coritiba. Pensar num clube para o futuro, com outra mentalidade, mas necessariamente com outras pessoas. Se não for assim, seremos logo o que muitos já previam: não falta muito para chegarmos a ser um Paraná Clube, um Guarani, Santa Cruz, ou uma Portuguesa. Sem lembrar de outros clubes que praticamente já se dissolveram, como Brasiliense, São Caetano, Ipatinga etc. Estamos em fim de linha, fundo do poço... não importa a designação ou nome que queiram dar para este momento. Mais importante que discutir se cai ou não para a segunda divisão, será importante discutir o futuro do Coritiba. Porque mais cedo ou mais tarde, vai cair, se não cair agora cai depois.
Não se trata de posição política, de levar a discussão pro lado pessoal, dar nomes aos bois. Não tenho nada pessoal contra ninguém lá de dentro. Nem a favor nem contra. Não conheço pessoalmente ninguém, a não ser o presidente Bacellar.
Fico aqui pensando apenas num caminho para salvar a instituição Coritiba. É o clube que precisamos tirar deste buraco que todas as últimas administrações com a conivência do conselho, nos levaram.
Precisamos encontrar um caminho para salvar nosso clube!
A referência acima, na abertura do texto, quando falo da tradição que sempre tivemos no gol, é só para que não deixemos apagar de nossas memórias, o que resta das lembranças de um passado de uma bela história, com times inesquecíveis montados até com mais dificuldades pelos dirigentes do passado. Hoje temos apenas um bom goleiro. Foi o que nos deram para comemorar.
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