Arquibancada
Em mais de 100 anos de história, não saberia dizer quantas dezenas de craques e ídolos aqui nasceram, se criaram ou que já vieram com o nome feito. São das mais variadas personalidades, posições diferentes e ganharam a torcida também das mais variadas formas.
No Brasil, parece que ganhar a torcida, além de ser craque, requisito básico que é o talento, o amor pelas cores do clube, também é fundamental.
Aqui, ao contrario da Europa e outros continentes onde o futebol é jogado, é preciso haver algo mais, um amor que no fundo a gente sabe que não existe, mas que aceita quando se aproxima dele, que chegue próximo, que tenha uma identidade, uma afinidade, uma empatia.
Kruger, o nosso maior ídolo, nasceu aqui, é Coxa desde que aqui chegou, vindo do Britânia. Trabalha no clube há anos e ganhou até estátua. Como ele poucos devem seguir este caminho. Kruger é fora de série. Mas tivemos outros tantos, de forma diferente. Tostão, Chicão, Carazai, Fedato, Lela, Rafael, Jairo, Claudio, Hidalgo, Nilo, Miltinho, Nico, Hermes, Abatiá, Zé Roberto, Kosilek, Passarinho, Oromar e Alex. Os últimos foram quem sabe Cleber,Tuta, Bill e Rafinha? Uns dirão que não e outros dirão que sim. Classifico estes quatro como quase ídolos.
De uns anos para cá, esta mão de obra começou a rarear por aqui. Estes últimos nomes apareceram de forma isolada, espaçadamente. Nos bons tempos, chegamos a ter dois ou até três destes, no mesmo time.
Hoje, não temos mais este nomes que caem na graça da torcida e que possam a ser chamados de ídolos. Mesmo que estes últimos, não tenham alcançado a glória de um ídolo, vestindo a gloriosa, todos foram para a histórias com gols históricos, ou atitudes em defesa do clube, coisa que determina o comportamento de um ídolo nato. Mas todos com o mínimo de identidade com o clube e com a torcida. Havia a química entre torcida e jogador.
Agora, um inglês naturalizado turco se candidata a ídolo. Faz mesmo muito tempo que não temos um. Com este perfil então? Kazim Richards chegou em momento certo.
Pleo menos estrela já mostrou que tem. Com menos de uma partida no currículo, já aparece como o principal candidato a nos ganhar e conquistar nossa admiração. Afinal, estrear num atletiba e marcar o gol da vitória, já deixa o turco pelo menos como candidato a desbancar ou se igualar a Tuta com seu sinal de silêncio em plena casa do adversário. Ou Geraldo, nossa arma secreta, bravo guerreiro, com algumas histórias inusitadas em atletibas. Muitos atletibas o esperam para alcançar esta marca, meu caro Kazim, para depois ganhar nossos corações e depois ser chamado de ídolo.
Kazim tem perfil e jeito para emplacar. Fala de amor no coração jogando bola. Não parece ser da boca pra fora. Mesmo com a dificuldade do idioma, consegue traduzir isso, passa exatamente a ideia do que pretende dizer. Parece estar sendo entendido e sincero. Já há cumplicidade nesta relação. Torcida e jogador recomeçam uma história que há muito tempo não habitava o Alto da Gloria. Tomara, se concretize. Estamos mesmo precisando disso.
Mas o trabalho o espera, Kazim. Há muito que ser feito para ganhar este título. Você sai na frente de todos os outros, porque de cara já acertou o caminho.
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