Arquibancada
O que dizer de Rodrigo Pinho? Um centroavante nato, dentro do perfil daqueles atacantes quase completos. Seria leviano comparar com os últimos, porque Gamalho, por exemplo, era diferente, mas que também cumpriu brilhantemente seu papel. Sim, estou dizendo que Pinho e Gamalho são diferentes. Gamalho é de presença de área, rápido no gatilho por cima e no chão. Pinho tem tudo isso e mais um pouco. É o cara que vem com a bola dominada, encara a defesa de frente, mais afeito ao drible. Os dois gols dele dizem isso. O primeiro no drible, vindo de frente e o segundo com presença de área.
Em todos os casos, cabe ao treinador justificar seu salário e achar o encaixe com a característica de cada um. Muitos treinadores não conseguem ter esta leitura, independente de posição, seja centroavante ou não. Pinho, recém chegado, parece que vai nos dar muita alegria. Alegria que passa longe da atual dupla de zaga que nos deram para torcer.
Quando trabalhei como editor de esporte em TV, de 89 a 93, certa vez Edu Coimbra me disse que às vezes, dependendo do material que tem para trabalhar, o treinador de verdade trabalha muito mais quando a qualidade é menor. Não foi o caso de Edu que teve um dos melhores times dos últimos anos do Coritiba, com o famoso meio: Osvaldo Serginho, Carlos Alberto e Tostão, ainda Kazu e Chicão na frente. Guardando certo exagero de Edu, quando me disse que “só distribuía camisa no vestiário”. Com um time com aquela qualidade, não tinha muito trabalho, era mais psicólogo que treinador, concluiu o treinador.
Não temos mais jogadores com aquelas características, raros são os que tem aquela qualidade. Mudou o futebol. Aliás, parece que o futebol muda a cada mês.
Até bem pouco tempo, jogador recém contratado levava algumas rodadas para se ambientar. Aos poucos ia se soltando, até que lá pela terceira ou quarta rodada saia um golzinho. Da arquibancada era comum se ouvir “agora vai”. Principalmente no Coritiba acumulamos muitas destas histórias. E aprendemos que centroavante de verdade não tem o direito de esperar a ambientação. Ou faz gol ou não serve. Se conseguir mais que isso, estamos no lucro. E por enquanto Pinho parece ser diferente da média que tem passado pelo Alto da Glória. Assim como Trindade e Moreno. Um trio que pode ser nosso diferencial.
Está no DNA Coxa-Branca, esperar para ver. Vai começar o brasileiro ou a Copa do Brasil e a torcida ainda estará avaliando um ou outro atleta. Na esperança de ter pelo menos resolvido o crônico problema da zaga e de criação no meio.
Tudo isso pra mais uma vez, dizer e confirmar o que previa quando o time começou a ser remontado: há muito tempo não se via por aqui um time com esta qualidade. Vai caber ao treinador acertar a forma, coisa que António Oliveira ainda parece não ter achado a mão. Meu prazo é até a 6ª ou 7ª rodada do Regional. Até l[á dá pra tolerar experiências e desacertos.
Só não é novidade que o craque do time é Moreno e craque joga sem GPS, não precisa ter zona de atuação, precisa sim ficar livre, sem mapa de calor.
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