Arquibancada
Assim, de bate-pronto você seria capaz de lembrar qual foi a última alegria que o Coritiba te deu? No Couto ou fora dele? Uma partida, um titulo, qualquer alegria. Pode ser estadual, pode ser a histórica goleada contra o Palmeiras na Copa do Brasil... enfim, a última grande alegria...
A minha talvez não seja a sua. Já me acostumando ao sonho pequeno, me flagrei fazendo este exercício, e descobri que a última alegria que tive foi na virada histórica na Ilha do Retiro, contra o Sport, por 4 x 3, ano passado.
Vitória sem dúvida épica, com ares cinematográficos. Esteve à frente do placar duas vezes, tomou a virada e ainda vi Wilson defender dois pênaltis. Aos 45 minutos do segundo tempo, saímos vitoriosos. Foi uma partida de muitas reviravoltas. Diego Souza (duas vezes) e André marcaram para o Sport. Para o Coxa, Werley, Henrique Almeida, Jonas e Yan Sasse. Com o resultado, o Coritiba saia finalmente da zona de rebaixamento. Com outros requintes, em outro período, com outro valor, naquele dia lembrei da conquista do Torneio do Povo, tendo o capitão Hidalgo como maestro.
Nesta vitória contra o Sport, tive a certeza que não cairia. Coisa que preguei justamente até aquele dia. Até ali tinha achei que o Coritiba tinha tudo pra cair. Por alguns instantes, fui tomado pelo sentimento que na Ilha do Retiro finalmente aquele grupo teria encontrado o brio que faltou durante todo o campeonato. Me enganei, como muitas outras vezes fui enganado por aquele time. Não poderia saber e nem imaginar, naquele dia, que o Coritiba cairia, tropeçando nas suas próprias pernas e seria rebaixado por um gol.
Naquele momento tive a sensação de recuperação de grandeza, de voltar a acreditar que é possível, ser no mínimo igual aos que consideramos grandes, embora a qualidade do futebol seja bastante discutível e na verdade a coisa anda bem igual, muito parecida. Um ou outro time se difere da média. Naquele dia reencontrei a autoestima, como também senti na goleada inesquecível contra o Palmeiras na Copa do Brasil.
Destes dias parece que ainda estamos longe. Uma vez ou outra, parece que os deuses do futebol nos dão estes presentes para nos manter vivos, mas que ainda precisamos nos manter de prontidão para o próximo período de turbulência, porque assim tem sobrevivido a torcida Coxa, de lampejos de alegria. Apostando em dias melhores, sempre. Só apostando.
Para alguns, estes momentos viram verdadeiros traumas, porque os lampejos não servem mais, não reanimam.
Este é o torcedor do Coritiba ultimamente. Recuperando lembranças para sobreviver. Buscando um atrativo no que já foi a sua maior diversão.
Aliás, se serve como consolo, o torcedor de futebol, espalhado pelo mundo, quase todos são insatisfeitos, porque sempre sonha em ter mais. Vive a eterna cobrança de sempre de se superar porque atrás vem o adversário também na busca dos mesmos objetivos. Porque depois da comemoração de um titulo vem outro e esta é a cultura do futebol: sempre mais. É comum a gente ouvir na entrevistas e famosa frase
– “Este titulo faz parte do passado. Amanhã começa o planejamento para o próximo trabalho”!
E a torcida embarca no mesmo ritmo de cobrança.
Da rivalidade entre Real Madrid e Barcelona e Coriiba e Atlético, anos luz nos separam. A amargura Coxa, este mau humor que toma conta da na internet,se agrava porque uma distância bem razoável já nos separa do nosso principal adversário que mal ou bem, há anos nos deixou para trás, enquanto ainda tentamos achar um caminho apostando que nestes rompantes de vitórias maiúsculas, como foi contra o Sport, as coisas vão melhorar, acreditando em deuses do futebol.
O caminho é longo e penoso. Foram anos de desleixo, de falta de profissionalismo que aos poucos precisam ser recuperados.
É pra frente que se anda!
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