Arquibancada
Ontem (11) quarta-feira, no meio da tarde, em pleno bairro do Bacacheri precisei de um cartório. O rapaz que me atendia indicou o Cartório Bacellar, o mais próximo de onde eu estava. Quando o rapaz disse o nome, me arrepiei. Me fiz de desentendido e ele achando que não entendi, repete o nome. Me arrepiei de novo. Há muitos anos já tinha estado naquele cartório. Aliás, meu registro de casamento foi lavrado ali.
Desde minha juventude, sempre tive uma relação muito próxima com a família Bacellar. Com os irmãos mais novos de Rogério Bacellar, Roberto e Ronaldo Bacellar. E acreditem, foi o Coxa que nos uniu. Os Bacellar e minha família, frequentávamos a praia de Ubatuba, na ilha de São Francisco, em Santa Catarina. Isso foi no final dos anos 60. A nossa temporada começava em fevereiro, a deles vinha desde dezembro.
A família Bacellar era conhecida como a família Coxa, naquela praia. Assim que chegavam em Ubatuba, hasteavam uma enorme bandeira do Coritiba, que podia ser vista de longe. Aquilo nos orgulhava. Ter o nome do Coxa visto além, pra toda a praia ver, sempre muito recheada de curitibanos e joinvilenses, era mesmo muito legal.
Ontem, em frente ao cartório, enquanto minha esposa cuidava da assinatura no Cartório, foi o que lembrei naquela espera que deve ter levado uns 20 minutos. Na frente do cartório um rapaz, vestindo a camisa do Coritiba, ainda com o patrocínio do BMG, cuidava dos carros. Puxei conversa com ele, provocando. - Seu time ganha hoje? perguntei. Não me respondeu. Apenas torceu a boca, admitindo com uma expressão de quem considerava aquilo como missão impossível.
Ainda na espera de quase 20 minutos, também lembrei de um texto, publicado aqui no COXAnautas, pelo meu amigo Leopoldo Gonçalves, com o título “ A culpa não é do Bacellar”. No texto Leolpoldo não isenta Bacellar de suas trapalhadas, como pode supor o título, mas mostra os vícios e caminhos que toma um conselho e uma administração Coxa –Branca há décadas.
Também lembrei de Dr. Romeu Bacellar, pai de Rogério, membro do conselho do Coritiba há anos, que fez história ao lado de Evangelino. Este sim, quem sabe teria sido o presidente que poderia ter sucedido Evangelino. Dr. Romeu era para nós ainda moleques, um ídolo que circulava pelos corredores do Alto da Gloria.
Tudo isso em 20 minutos de espera na avenida Paraná, na véspera de uma partida com o Corinthians, onde hoje, com um pouco mais de sorte ao completar 108 anos, poderíamos estar comemorando e não chorando mais uma derrota.
Discordando do título, mas não do conteúdo publicado por Leopoldo Gonçalves Jr. Bacellar tem culpa sim, podia ter passado por esta com menos marolas, com menos teimosia. Mas concordo com Leopoldo que Rogério Bacellar é um homem honrado sim, como foi seu pai, dr. Romeu, e são seus irmãos e sua mãe - falecida recentemente, dona Mirian. Rogério Bacellar não nasceu para administrar o futebol, nasceu numa família Coxa, apaixonada por este clube, como todos nós. Esta deveria ter sido a sua relação com o Coritiba, nunca como presidente.
Por isso, dr. Rogério, seria digno de sua parte encerrar esta história com pelo menos um pedido de desculpas à toda a família Coxa- Branca. É o mínimo que espero do senhor, pelo que aprendi com os Bacellar. O senhor errou, e errou feio. Nos deve sim, pelo menos um pedido de desculpas.
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