Arquibancada
Triste ver o futebol- uma alegria sempre em minha vida -se tornar amargura, sofrimento para alguns. Ainda consigo ver e deixá-lo leve, mesmo em seus piores momentos, mesmo e apesar dos sofrimentos causados, de seus dirigentes, de sua qualidade bastante discutível.
Ainda consigo ver uma defesa de pênalti de Wilson e me emocionar. Ainda consigo ter vontade de gritar gooooollll, como se aquilo fosse a coisa mais importante naquele momento. Mesmo quando contra, como na vitória em cima do Cruzeiro, contra o Vasco ou em outros tantos resultados de vitória que por sorte, milagre ou azar dos outros, temos tido. Se um dia isso tudo não me acompanhar mais, certamente terá morrido em mim o prazer pelo futebol. Ainda consigo me achar parte desta história centenária que de alguma forma ajudei a construir.
Já me lamentei demais por aqui, reclamando das desastrosas administrações que temos tido, mas ainda não perdi o prazer pelo futebol. Ainda acho graça no pouco que andam me oferecendo. Ainda me emociono indo ao Couto. Ainda me emociono nas vitórias, em partidas épicas como a de domingo, contra o Sport. Ou nas vitórias magras e até nas derrotas absurdas.
Um sentimento que cada um, cada torcedor, a seu modo, do seu jeito, coloca nesta relação com seu clube. Agora, neste momento de quase encerramento do Brasileiro,não me importo com problemas administrativos, a não ser torcer e voltar a acreditar que no futebol tudo é mesmo possível. Até que aquele time desarrumado, sem talento, com muitas limitações, que sempre foi a cara de sua diretoria, volte a vencer. Precisa vencer. Está vencendo.
Sou torcedor e o meu compromisso não é com análise crua e fria, que se exime de emoção. Minha torcida é pelo Coritiba e o Coritiba ainda me emociona. Por isso acredito em dias melhores, preciso acreditar. Se não for assim, o futebol perde a graça.
Já fui do ceu ao inferno neste Campeonato. Já acreditei que tudo estava perdido. Acredito agora que dá pra escapar. Sou torcedor.
Na minha casa, desde pequeno, fui apresentado a um futebol que sempre entrou pela porta da frente. Sempre foi bem-vindo e além do amor que foi sendo criado, também sempre foi a principal diversão. Nesta época os meus passeios de domingo não aconteciam em parques da cidade. Eram em tardes memoráveis no Belfort Duarte, hoje chamado carinhosamente de Couto. Um brinquedo que usei pra me distrair quando criança, que virou trabalho durante muito tempo e agora sou só torcedor. Só torcedor. Me isento do compromisso, com a tensão permanente. Me dou ao luxo de criticar quando quero e aplaudir quando acho que merece .
Mas não abro mão de me emocionar, seja com pouco, na visão de muitos, ou com títulos inesquecíveis como muitos que vi, ou até em partidas memoráveis como a de domingo, contra o Sport em Recife.
Emoção é a minha gasolina para manter o futebol vivo.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)