Arquibancada
A saída de Gilson Kleina parece ter chegado no tempo de maturação. Parece uma questão de tempo. A alma gêmea de Bacellar não tem mais clima e nem repertório para se manter no cargo.
Mesmo assim, prefiro o conjunto da obra, do que me ater ao jogo de ontem, porque até acho que a avaliação individual, neste caso não serve mais. É preciso baixar a poeira e avaliar o trabalho de cinco meses – no caso de Kleina - e de mais de um ano de todo o elenco. Acho que só assim para conseguir mudanças. A avaliação por etapas ou individual não serve mais, acho eu.
Infelizmente mais uma vez será preciso consertar o ônibus com ele andando. Ainda em tempo porque é inicio de brasileiro, situação bem melhor que em anos anteriores, quando a diretoria acordava pra lá da metade da competição e começava o baile de máscaras. Com um horror atrás do outro.
Primeiro é preciso saber e reconhecer uma questão que considero a mais importante no momento: ESCALA DE VALORES. Como o povo alemão que na segunda guerra foi convencido por Hitler que o caminho era aquele, caminhamos, guardada as devidas proporções, no mesmo caminho. Depois do jogo de ontem, culpar apenas Kleina, é não conseguir ver os problemas maiores que são de quem trás e monta um time como o que tem o Coritiba.
Por exemplo: Negueba ou Ruy, Leandro ou Vinicius, Ortega ou qualquer outro que está jogando ou que está no banco, não muda muita coisa. Entramos nesta discussão porque é o que nos resta, é o que temos, não há opção. O pagado Ruy, que durante noventa minutos consegue dois chutes ao gol, um deles de fato muito bem batido, na cobrança de falta, mas de resto, trocar ele pela correria de Nugueba acaba sendo quase a mesma coisa. Se não é a mesma coisa, a diferença é sutil e que no fundo sabemos, não vai resolver. Tudo, quase sempre é uma questão de sorte. E olha que ela anda nos ajudando.
Agora pode ser a vez de um resultado bom. Pode voltar de Santos com um resultado razoável. Um empate quem sabe? Isso se a sorte continuar do lado do Coritiba. E é com isso que estamos nos acostumando, é disso que é preciso se livrar, com o menos ruim.
Nossa escala de valores anda em níveis muito baixos, e nos leva a discussões pequenas, de avaliação de troca de um jogador ruim, por um menos ruim.
E assim ficamos sem saber para onde correr. Se elevar o pensamento, exigir qualidade, começamos por cima, na diretoria que é a cara do time que montou, do técnico que trouxe.
Já cansei vocês até bem pouco tempo de lembrar dos velhos e bons times montados no futuro. Não aguento mais falar sobre isso. Os tempos são outros, o futebol é outro, eu sei. A paciência, a tentativa de apoio, de dar “pilha” no motivacional, parece não ter mais efeito. A falta de humildade é tão grande em reconhecer limitações, que acabam se confundindo em seus discursos mentirosos e acabam acreditando mesmo que estão no caminho certo.
Kleina precisa sair, Bacellar acordar e administrar finalmente também o departamento de futebol, não só empurrar com a barriga as finanças do clube, ou entregar o cargo para alguém que tente algo mais ousado. O Departamento de futebol precisa de uma sacudida, o time precisa ser remontado. Ares novos, com cabeça e mentalidades diferentes é do que precisa o Coritiba. Com alguém que se não mexer na estrutura do departamento de futebol, pelo menos saiba trabalhar melhor com o que tem agora.
O futebol chega tecnicamente em níveis lamentáveis em todos os clubes, pelo menos é o que vejo até aqui. Mas não estamos a anos luz do que andam jogando por aí. Se não tem dinheiro para trazer coisa melhor, então é preciso no mínimo trazer alguém que saiba trabalhar melhor com o que tem na casa. E assim, a saída de Kleina é inquestionável. Ou sai ou o Coritiba terá problemas ainda maiores, mais uma vez.
Não fui defensor da vinda de Kleina, mas lhe dei uma trégua nas críticas. No começo esperei que provasse o contrário do que achava a seu respeito. Já se passaram cinco meses e não me provou ser capaz de tirar o Coritiba desta situação.
O problema meus caros, é que o Coritiba parece fazer o caminho contrário da cultura brasileira no futebol, a de demitir treinador. No caso de Keina, pra lá de longe desta cultura. Em muitos casos, em outro clube, ele não teria emplacado nem a metade do campeonato regional. Passou esta fase conseguindo chegar até nas finais do Paranaense. Mais uma vez perdeu, e desta vez de forma melancólica, mas continuou no cargo. Agora, perde de novo, inclusive dinheiro, porque se trata de uma competição que premia também por classificação nas fases. Sai da Copa do Brasil prematuramente. Agora perde para um time que disputada a Série C do Brasileiro. É verdade que foi vice gaúcho, mas não é um Grêmio e nem um Internacional, até ontem, nossas referências a serem seguidos. Ainda assim, Kleina parece continuar no cargo.
Vitórias magras, apertadas, no meio do caminho vão mascarando o problema. Quando acordar já estaremos mais um ano disputando a parte de baixo da tabela e mais um ano terá se passado.
Logo chegam as eleições, nossa chance finalmente de mudar a história e dar a volta por cima. Assim como no pais, quando passamos 4 anos reclamando, e na hora de votar, elegemos os mesmos, o mesmo grupo que permanece no comando, nos enganando.
O problema é que sabemos disso, mas idiotamente, sem que alguém consiga explicar direito, parece que gostamos de ser enganados. Desde há muitas eleições reclamamos de tudo e de todos, e mesmo assim insistimos nos mesmos erros.
Muitos vão se manifestar aqui dizendo que sempre alertaram para isso tudo. A tribuna aqui é livre. Também os mais otimistas que até acreditam em Kleina e em Bacellar.
O futebol é assim, tem gosto pra tudo, mas envolve muita gente, dentro e fora dele. Torcedores e profissionais. Todos querem ter razão. Pra azar dos que não mandam, resta torcer para que os comandantes acertem.
Antes de posições, de posturas sobre gostar ou não de alguma coisa, é preciso lembrar acima de tudo da instituição Coritiba Foot Ball Club. É em nome dela que nos reunimos sempre por aqui ou no Couto. É em nome disso que discutimos e divergimos, mas por favor, sem perder o respeito, sem culpar colunistas ou jornalistas pelas tragédias em campo. São apenas posições que precisam ser discutidas sim, mas não somos inimigos, apenas não concordamos em alguns pontos.
Não deixe isso ser mais importante que a grande brincadeira gostosa que é torcer, gostar de futebol , claro, brigando sempre pelo melhor ao Coritiba.
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