Arquibancada
É assim, como um clássico dos melhores que o futebol pode oferecer. É assim que sinto um atletiba até hoje. Com espírito de decisão da Liga dos Campeões, Eurocopa, algo do gênero... é assim que aprendi a sentir e ainda sinto um atletiba, como um Real Madrid e Barcelona, um baita clássico do futebol.
Assim como sei que por aí também tem torcedor que acorda em dia de atletiba e a primeira coisa que pensa é no jogo. Sente aquele famoso friozinho na barriga. Fica quase o dia todo com a imagem de uma cena qualquer de clássicos anteriores. Imagina um jogador em situação de gol. Estas coisas de torcedor.
É mesmo uma tradição, um histórico clássico que acompanho desde criança. Lembro de vários deles. Agora por exemplo, lembrei daquele que Manga ganhou o título para nós, com pênaltis cobrados no gol dos fundos, em 1978.
É impossível não lembrar dos muitos atletibas que vi e vivi, dentro e fora do Couto Pereira ou Belfort Duarte. Aprendi a tomar gosto pela brincadeira em casa, ainda criança, com minha enorme família, toda Coxa-Branca. As reuniões dominicais em dia de clássico começavam cedo, todos envolvidos, desde cedo vestindo verde e branco.
A cidade toda respirava o clássico. Mesmo quem nem sabia o que era futebol. O domingo de atletiba tinha cheiro de maionese e galinha assada.
No domingo de atletiba o almoço era cedo porque o caminho ao estádio era feito em longa caminhada. A ideia era sempre chegar cedo ao estádio para pegar um bom lugar.
Armados de bandeiras, como se fossemos para uma guerra, a gente seguia ao Belfort Duarte, numa grande torcida de senhoras, meninos e meninas, vizinhos, amigos, pais e tios. A caminhada até o estádio já era uma grande festa, um acontecimento.
Aquilo parecia trazer a união de forças para um confronto, um combate contra um grande rival.
Nas arquibancadas, uma corda com alguns policiais separava as torcidas, apenas para delimitar uma região (já falei sobre isso aqui). Nunca ninguém ousou ameaçar passar para o outro lado.
Terminava o clássico e o vitorioso curtia a cara do outro, mas os dois seguiam o caminho de casa – tudo muito diferente do que fazem hoje as duas torcidas.
Tive um vizinho que na derrota não saia de casa. Não colocava a cara pra fora. Nem na janela aparecia. Sacrificava aula, futebol de rua, porque não queria ser “zoado”. O encanto se quebrou quando um dia a mãe dele, cansada da história, abriu a porta de sua casa para que a gente pudesse entrar. Coitado!!!
Em caso de derrota, a segunda-feira era difícil de ser encarada na escola, mas com vitória, era muito bem vinda. Foi quando a segunda –feira era o melhor dia da semana. Melhor até que o dia do jogo ou que o gol da vitória.
Ainda hoje temos torcedores com este perfil, que vão ao estádio e sofrem, torcem, choram e transformam esta brincadeira de torcer num prazer gostoso, coisa que deveria ser o único espírito do futebol. Onde o futebol deveria morar , no coração desta gente, no amor que nutrem pelo seu clube. Futebol sem facção, sem nada além do amor por um clube. Atletiba é a sobremesa de domingo.
Que este atletiba seja nosso mais uma vez e que no domingo eu possa encontrar um atleticano, e de cabeça erguida apenas sorrir, com orgulho do meu time, que ultimamente anda me dando motivos para acreditar que ainda posso ser feliz com ele.
Que a segunda-feira feira volta a ser o melhor dia da semana, que estejamos alimentando no dia seguinte a esperança de continuar sonhando com um Coritiba grande.
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