Arquibancada
Me convenço cada vez mais que futebol é mesmo muito complicado de ser entendido. Todo mundo entende um pouco e com este pouco se apresenta para conversar sobre o assunto. Além disso, anda difícil falar sobre ele poque o nível anda mesmo sofrível. Anda difícil assistir algumas partidas, ouvir jogador de futebol falar, de tentar entender dirigentes e alguns treinadores. Fica mais difícil quando o assunto é principalmente o Coritiba.
Isso tudo fica ainda mais complicado quando a gente se flagra repetindo os mesmos hábitos de sempre, como ir ao estádio, paga pra ver, e continua sem entender algumas coisas e segue reclamando delas... fazendo as mesmas perguntas de sempre, todas sem respostas.
No Brasil, no Coritiba... porque quando tem uma Eurocopa pra ver, assisto renovando a esperança que um dia entenda de futebol, porque ali o futebol parece simples, fácil de entender e até de jogar.
Desde os anos 70 é assim, quando os primeiros brasileiros começaram a abrir as portas deste mercado internacional. Outros foram antes, mas a coisa esquentou mesmo de 70 pra cá.
O mercado cresceu, passou a ser sonho de muitos e acabou tomando o tamanho que tem hoje. Aqui a gente nem ousa mais competir econômica e tecnicamente com eles. Sabemos do nosso tamanho e nos recolhemos a nossa insignificância. Já não nos iludimos achando que ainda podemos. A última Copa do Mundo foi a confirmação disso. Nossa briga é interna, aqui no nosso Continente mesmo.
Os caras chegam com malas cheias de dinheiro e levam embora tudo que desejam. Ficamos com a rapa do tacho, o que justifica a baixa qualidade técnica dos campeonatos disputados por aqui. No Coritiba, nos orgulhamos e nos damos por satisfeitos quando craques como Alex e Rafinha, por exemplo, dizem que querem encerrar a carreira aqui, porque isso é um sonho deles.
Nos damos por satisfeitos quando arrumamos um mísero meia, com algum talento, que consiga fazer um lançamento de 30 metros. Ou um volante que saiba desarmar e com um pouco de sorte ainda tenha uma boa saída de bola. Ou um zagueiro com boa impulsão e que também seja firme na marcação, nas bolas por baixo. Seria pedir demais dois laterais que apoiem e que voltem, que ainda tenham bom cruzamento. Um centroavante matador, então, nem pensar. Isso é coisa rara no futebol brasileiro. Como é raro também um time assim, com todos estes predicados, do goleiro ao centroavante. Todos eles ainda existem, mas cuidam de suas vidas recebendo salários em euros, dólares iens, do outro lado do mundo.
Os que restam , com um pouco de talento, que ainda recebem seus salários em reais, estão no Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Fluminense, Santos, Grêmio... espalhados por aí, negando trabalho aqui, quando convidados. Só aceitam para nos usar como trampolim para voos maiores, quando não resta outra alternativa.
Isso deixa o pobre mercado paranaense cada vez mais carente.
Só sobrevive quem tem mais jogo de cintura, já que talento não mora aqui. Se antes a sobrevivência já era difícil, agora só sobrevivem os espertos.
Não há mais espaço para amadores, senhor Bacellar. Não cabe mais espaço para experiências. Não é mais permitido errar. É preciso ser mais, muito mais do que o senhor pode imaginar, para ter um time de Libertadores ou brigar pelo título brasileiro, como o senhor mesmo já disse estes dias. O buraco é bem mais embaixo, presidente.
Por que digo tudo isso? Porque a imprensa que deveria fazer, não faz. É triste? Sim, muito triste, mas esta é a nossa realidade.
Ou você se abraça com ela, ou briga junto, para pelo menos colocar no comando do futebol paranaense, gente melhor capacitada, para que um dia o Coritiba possa voltar a estar entre os gigantes do futebol brasileiro.
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