Arquibancada
Na década de 60 o futebol dava motivos de sobra para que se desconfiasse da honra da arbitragem ou da equipe toda, bandeirinhas e auxiliares. Mais recentemente, nos anos 80, ainda pipocavam casos de flagrantes ou suspeitas de venda ou favorecimentos em muitas partidas. Uma das mais comentadas foi a de Mário Celso Petraglia, na famosa gravação onde dava a entender o interesse no acerto de um resultado entre Atlético e Vasco. O famoso caso do “casco de cavalo”. No final dos anos 60 e inicio dos anos 70, Serafim Meneguel, dirigente do União Bandeirantes, dava até tiro de revolver para intimidar a arbitragem.
Os tempos mudaram. Hoje, o futebol tolera corrupção em níveis onde a justiça não alcança. CBF, Federações, dirigentes etc. Recentemente tivemos dentro de casa, o caso do dinheiro que até hoje não foi explicado, quando Bacellar foi chamado a contar melhor de onde vieram os 200 mil reais saídos dos cofres do Coritiba, para financiar a campanha de Gomide à presidência da Federação Paranaense de Futebol.
Considero normal o “mimimi” de torcedor que se sente roubado quando seu time perde por erro de juiz. Um ou outro resultado quem sabe até tenha a má intenção, mas não acredito que seja este o caso do polêmico pênalti que deu a vitória ao Internacional no 1 x 0 desta semana no Beira Rio. Alguns pedem punição ao arbitro da partida, por conta do pênalti que deu o gol ao Inter, só porque Valdívia confessou que se jogou no lance. Como muitos se jogam em muitos casos e até levam cartão amarelo por conta da safadeza, de tentar ludibriar a arbitragem.
Se nós, do lado de cá, mesmo com todos os recursos da TV não vimos, por que o arbitro teria que ver? Principalmente se a gente levar em conta que a jogada aconteceu quase fora do lance?
Já me manifestei aqui sobre isso. Acho que hoje as arbitragens erram muito mais por falta de preparo do que por má fé. Dentro de todo o profissionalismo que cerca o futebol, a arbitragem é a única profissão dentro deste mundo que anda à margem de tudo. Precisa se profissionalizar, ser tratada profissionalmente como tudo que cerca o futebol. Até a pipoca vendida nos estádios se profissionalizou, a bebida, o pão com bife, mas a arbitragem não .
Sou até capaz de admitir que um ou outro caso mereça uma investigação mais apurada, mas o que há é falta de preparo e não má intenção. Pelo menos neste caso de Coritiba e Inter.
Se Juan tivesse acertado a sua cobrança de pênalti, certamente o choro seria menor e a gente pudesse aceitar, com menos choro um empate ou com um pouco de sorte até a vitória.
A TV nos viciou nesta avaliação que nos dá uma visão que em anos passados não existia. Pior, quando nos deparamos com manifestações como a de Valdívia, que mais parece um deboche e irrita saber que fomos enganados, justamente num momento como o de agora, quando o time começa acertar.
Com todos os impedimentos que tivemos até aqui, com um time que ainda não conseguiu convencer fora de casa, voltar com mais uma derrota. “Roubada”, irrita muito mais. Mas não dá pra culpar apenas a arbitragem que não viu direito o lance, além da malandragem de Valdívia que deveria ser punido quando confessa que usou de má fé.
Antes de tudo as cobranças precisam ser feitas aos verdadeiros culpados. Se você procurar vai achar pelo menos mais uns três que podem responder por mais esta derrota.
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