Arquibancada
Hoje, 23 de junho, faz 9 anos que meu pai se foi. Muitos anos antes, já tinha desistido de futebol, motivado pelos últimos desempenhos do Coritiba.
Não é necessário dizer que viu os melhores times do Coritiba nestes mais de 100 anos de história do clube.
Assim que chegou do Mato Grosso, entrando na juventude, isso lá pelos anos 40, se encantou com o futebol e o Coritiba era o responsável.
E veio religiosamente assim, até chegar ao título nacional em 85. Dizia que achava que não chegaria a tanto, por isso, ali, se deu por satisfeito. Parece que sabia o que vinha pela frente.
Foi como se desligasse uma chave. Simplesmente não se envolveu mais. Pelo menos não como antes. Acompanhava os resultados, conversava sobre temas superficiais ligados ao clube, mas sem se envolver. Me disse algumas vezes, quando me viu puto com derrotas ou fases ruins intermináveis: - Largue mão disso! O futebol de hoje não vale este sofrimento - dizia ele.
Ainda esta semana, comentei na gravação da TV-COXAnautas, com Honório e Carneiro, que tinha medo deste jogo contra o Figueirense. Não foi por acaso. Perdemos pontos preciosos, caímos uma posição além de perder a sequência de vitórias em casa.
Não sei vocês, mas este 1x1 contra o Figueirense, me provocou um sentimento muito maior que um empate casual em casa. Me parece ter um significado maior. Não só porque confirma o que todos já sabem há muito tempo, mas porque me parecer ser um marco. Parece chegar avisando algo, como um último argumento, como perder pontos no Couto, para a casa cair de vez.
Não só aposto em novo tropeço na próxima rodada, contra o CSA, fora, como aposto em mares ainda mais revoltos nos próximos dias dentro do clube.
É que não nos dão outra alternativa a não ser esperar pelo pior. Para esperar por dias melhores, algo de extraordinário deveria acontecer, mas este prazo parece que já se foi. Sabemos que não nos darão um time melhor do que este para torcer.
Junto com o aniversário de morte de meu pai, se vai também um pouco deste Coritiba que vão matando dentro de nós. Fazendo -me lembrar cada vez mais da frase que meu pai me repetiu algumas vezes.
“ Largue mão disso! O futebol de hoje, não vale este sofrimento”! Porque enquanto aqui nós vamos sofrendo, lá eles continuam no poder fazendo as coisas do jeito que querem. Parece que perderam a capacidade de compreender o que seria o mínimo de um futebol aceitável, próximo dos padrões que fomos acostumados.
Intimamente parece terem aceito a ideia que na verdade serão pelo menos dois e não um ano na série B . Porque não é mais possível que acreditem que com a qualidade deste futebol que o Coritiba está jogando, consiga subir.
Seria mais justo e honesto admitirem que assim será até o fim. E se é assim, começo a aceitar que este Coritiba não vale mesmo todo este sofrimento que estão nos impondo.
Este sábado, 23 de junho, marca uma nova etapa do Coritiba na série B de 2018. A postura de um Coritiba pobre e pequeno que não sonha mais com a série A de 2019.
Ou muda agora ou assume a sua pequenez.
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