Arquibancada
Estes dias disse que Guarapuava é como o restante do estado. Torce para os times de fora, como a região norte do Paraná prefere o futebol de São Paulo e como a região oeste do Paraná acompanha o futebol gaúcho. Embarquei na onda que Guarapuava também era um pouco gaúcha. Errei, não é. Guarapuava é Coxa, Atlético e até Paraná Clube. Assim como a história de um personagem que conheci aqui e já contei no blog, que em Curitiba era chamado de “Guarapuava”, e fez história nas arquibancadas do Couto Pereira.
Esta semana fui convidado pelo amigo Rennan Cesar, para acompanhar na cidade de Guarapuava, um dos jogos do verdão, num dos pontos de encontro da torcida Coxa. Antes de voltar pra casa, devo fazer isso.
Tenho tido contato com todas as torcidas de Curitiba, aqui em Guarapuava. O que me faz pensar que o futebol paranaense ainda tem cura. Ou pelo menos vida fora da Capital.
Não fosse o trabalho contrário que fazem os dirigentes, afastando a torcida, a rivalidade poderia ser mais acirrada e igual, pelo menos em Guarapuava, onde a supremacia é atleticana.
Pelas ruas é comum encontrar camisas do Atlético, mas não do Coxa. Prefiro acreditar que estão escondidos, à espera de dias melhores.
É um ou outro que manifesta a sua preferência pelo Coxa, mas com alguma reserva. Credito a falta de interesse ao atual momento, e à consequente administração do clube nos últimos anos.
Hoje num bate-papo com um atleticano, daqueles que em dia de jogo amanhece com a camisa do time do coração, me surpreendeu com uma revelação: “Alex, meia Coxa, é o melhor jogador paranaense que vi jogar”- me disse o amigo atleticano.
O que mais me surpreende é que Alex não é unanimidade mesmo entre a torcida Coxa. É verdade que muitos não viram e poucos sabem dos craques dos anos 60, 70 e até 80. Por isso, é preciso ter vivido um pouco mais da história Coxa, antes de se manifestar para apontar craques. Já foi comum ter onze craques num mesmo time. A história de glórias passa necessariamente nos anos 60 e 70.
Assim que meu amigo atleticano começou a frase, achei que iria se referir a Sicupira, assim como todo atleticano contemporâneo meu, diria. Não que Sicupira tenha sido o melhor que vi, mas é o maior ídolo criado na baixada.
Pra mim, nem Sicupira, nem Krueger, nem Nilson Borges, Rota, Ozeas, Helio Pires, Hidalgo, Nico, Fedato, Tostão, Hermes etc etc. Zé Roberto foi o maior que vi vestindo a gloriosa camisa alviverde. Depois Dirceu e finalmente Alex.
Pra chegar aqui, nesta parte do texto e concluir que há anos não temos uma referência. Buscando pela memória, o nosso último ídolo talvez tenha sido Tostão. E assim lá se vão mais de 30 anos. Isso explica um pouco a multiplicação de torcedores de atleticanos e o sumiço Coxa.
Com tanto tempo assim, sem um craque para chamar de seu, a torcida vai mesmo minguando. Restando apenas os apaixonados como nós, que ainda fazem a roda girar, em nome da sobrevivência e na esperança de dias melhores.
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