Arquibancada
Os anos 60, o período mais mágico do futebol, até hoje carregam momentos difíceis de explicar.Se soubesse, não teria deixado o tempo passar ou teria vivido ele sabendo que aquilo era único e acabaria.
Não se trata de saudosismo, de comparar qualidade. Foi algo especial para cada um que viveu a época. Trago comigo até hoje o cheiro daquele período. Cheiro de pinhão cozido, de mexerica, de uma inocência franciscana na arquibancada e em campo.
Fotos, reminiscências, minhas e de grupos nas redes sociais ajudam a lembrar. Juntos com as imagens, muitas em preto e branco, vem o cheiro, cenas do estádio cheio, das pessoas se apertando para ver na ponta dos pés lances que guardei para sempre. Das sociais ainda em construção, quando a oposição dizia que a cobertura estava condenada. Era o jeito que encontravam para diminuir nossas conquistas que sempre foram grandes. Além dos tempos que são outros, a situação se inverteu. Hoje somos nós que diminuímos as conquistas deles.
Não importa, vale a lembrança deixada, do cheiro guardado, da conquista de cada uma daquelas semanas quando tinha Coxa em campo. Fosse no Belfort Duarte ou fora, era um evento, no final, no amor ou na dor, sobrava sempre uma bela história para ser contada.
O Campeonato Estadual praticamente não existe mais. O Brasileiro vai aos trancos e barrancos tentando cumprir mais o protocolo sanitário do que seu próprio regulamento. A torcida sumiu dos estádios, o futebol também.
Ontem (11) pelo Mineiro, o clássico Cruzeiro e Atlético disse isso. Um jogo sem graça por tudo. Sem torcida, como todos os outros pelo mundo, e também sem futebol. Ou a Supercopa transmitida pela manhã, entre Flamengo e Palmeiras, dois grandes, com algum futebol, num imenso estádio, com capacidade para abrigar uma cidade, mas sem ninguém.
Aquela época faz falta para uma geração que prefere mesmo ver futebol pela Tv. Com 60 anos ou perto disso, é possível encontrar gente ranzinza, insatisfeita, reclamando do futebol de hoje.
Eu e tantos outros, ainda conseguimos achar alguma graça. Porque ainda emociona, pela tv ou no estádio (quando era permitido).
Vivemos um momento de remonte do Coritiba. Tem sido motivador. Bem ou mal, parece que o novo grupo consegue, aos poucos, desenterrar o sapo que sabe Deus estava por lá, enterrado em algum lugar.
A gente sabe que é pouco, eles também, mas saímos da inércia. Do erro contínuo, da teimosia, da má administração.
Recuperando o prazer de ver o Coritiba em campo da forma como foi contra o Operário já é um bom começo, sim.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)