Arquibancada
Um sentimento parece se sobrepor aos muitos outros sentimentos do torcedor, por um clube de futebol: a paixão, que nos leva do céu ao inferno, oscila conforme o desempenho do time. As reações são expostas conforme cada um sente neste sobe e desce, muito comum no futebol de hoje.
Até parece uma relação entre pessoas, como se o clube fosse capaz de retribuir ou de responder ao sentimento do torcedor. Como isso não acontece, o sentimento é transferido aos dirigentes e atletas. Afinal, são eles que dão os rumos e nos colocam nas situações de felicidade ou de tristeza. Os erros e acertos de uma administração, acabam dando o rumo a cada clube.
É a energia meio inexplicável que determina o coração, a alma do time em campo. Que cria uma aura e aquilo parece ser a personalidade de cada clube. Por menor que seja, por mais insignificante que seja, cada clube tem a sua alma, o seu jeito. E isso também é construído pela arquibancada. Como nós - grandes que fomos até recentemente - temos a nossa alma, a nossa personalidade criada em 108 anos de história.
Como agora, quando é difícil admitir todo este estado de coisas que vivemos, porque este Coritiba que temos hoje não é a nossa cara e nem a cara do que é o clube. Por isso, batemos o pé em não aceitar esta condição de time de série B. Porque na alma somos outra coisa, mas de verdade hoje somos série B, sim.
A administração que está deixando o comando do clube, não foi nem de longe o que já fomos e agora sonhamos em voltar a ser. Ficamos três anos como num cabo de guerra. Dirigentes puxando de um lado e nós do outro.
O Vasco por exemplo, é a cara de Eurico Miranda. Para nós, que vemos esta história do Vasco daqui de fora, não é possível entender como um clube grande como o Vasco, ainda recoloca no comando, um homem que só tirou proveito do clube, se beneficiando dele e dando muito pouco em troca. Assim como o Corinthians que já foi a cara de Vicente Mateus, durante anos, como nós que fomos a cara de Evangelino. Acho que assim fica mais fácil entender o que quero dizer.
Não se trata de boa ou má administração. Trata-se de empatia com a torcida. Em toda a nossa história, apenas Evangelino conseguiu isso. Ou até um ou outro presidente antes do Chinês, mas como Evangelino ainda não apareceu. Mesmo no seu último mandato, quando não repetiu o sucesso de anos anteriores, poucos ousaram criticar seu trabalho, especialmente porque mais acertou do que errou. Como Wilson, nosso goleiro, que mesmo errando no gol de empate da Chapecoense, na rodada final, ninguém ousou crucifica-lo porque mais acertou do que errou. Evangelino, Wilson, Krueguer, Abatiá, Zé Roberto, Jairo, Lela, foram a cara do Coritiba.
Por ter um único sentimento - a paixão no comando desta relação - adoramos ou odiamos estas pessoas. Os que acertam e os que erram.
Recentemente, o ódio foi quem nos comandou. Não era este o nosso Coritiba, não foi este Coritiba que vimos nascer e que ajudamos a criar, com sua personalidade forte, vencedora, sempre brigando pelo maior.
Mas como é o amor que comanda esta relação, já estamos prontos para esquecer o “papelão” que o time fez no Brasileiro e ainda nos arrumando, tentando tirar a poeira da roupa, para voltar a acreditar em uma nova gestão. Loucos de vontade para voltar a bater o peito e dizer – “aqui é Coritiba”!
Conseguiram mudar a nossa personalidade vencedora. Vejam só, perdemos até a magia de jogar em casa. Nem com o Couto cheio temos mais o respeito que sempre tivemos dos adversários.
Isso tudo parece que vai mudar, precisa mudar. Em algum lugar, Samir Namur precisa encontrar o nosso prazer de primeiro voltar ao Couto Pereira. Mais adiante de nos devolver o sentimento de estar em casa e por fim, rever em campo um time que de fato nos represente.
O novo presidente já me ganhou pela simpatia, pela argumentação, pela forma como se coloca, pela obstinação que parece ter. A minha torcida é imensa pelo seu sucesso, que será o sucesso do Coritiba e por consequência nosso sucesso também.
Que você seja a nossa cara Samir, a nossa alma guerreira de sempre. Nada deve tirá-lo deste caminho.
Não dá mais pra errar, presidente. O Coritiba está em suas mãos, Samir Namur.
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