Arquibancada
(Antes, é preciso dizer que este texto foi concebido numa conversa entre amigos. Todos preocupados com o futuro político do Coritiba. Entre eles, meu amigo de Blog, Ricardo Honório, um dos mais entusiasmados com o tema).
Nunca vivi a política de clube de futebol. Não sei o que se passa além do departamento de futebol. Conheço um pouco de jornalismos esportivo, e mesmo assim apenas o que vivi, nas cobertura pelas tevês onde trabalhei. Mas também não sou bobo e consigo entender que por trás de um grande clube como o Coritiba, existem interesses e muita política de bastidores.
Como na política tradicional, o dinheiro e vaidade regem e indicam estes caminhos. E são eles que acabam determinando o futuro do futebol dentro do clube.
O Coritiba vive um momento destes, delicado politicamente. Qualquer um de nós sabe que está com o Conselho Deliberativo o comando das rédeas. São os conselheiros que ditam o futuro do clube. Os mesmos conselheiros de sempre que já ajudaram a eleger, Gionédis, Cirino, Vilson e agora Bacellar, são os mesmos que mudam de lado e da mesma forma apoiam e retiram apoios quando lhes convém.
Do céu ao inferno, Vilson Ribeiro de Andrade fez nos últimos anos talvez a mais polêmica das administrações dentro do Coritiba. Eu mesmo fui um dos opositores à sua administração nestes dois últimos anos. Mas também sou capaz de admitir que depois de Evangelino, foi o presidente que mais deu a cara pra bater em nome do Coritiba, foi o que mais se expôs, o que mais coragem teve de tentar modernizar o Coritiba.
Agora, os mesmos conselheiros que o elegeram, são os mesmos que condenaram sua conta, e o colocam como o primeiro na história do Futebol a ser reprovado na avaliação de suas contas de 2014. Isso transforma Vilsão em figura inelegível a partir de agora, coisa que considero injusta e reprovável, levando em conta principalmente que o conselho fiscal já havia aprovado as contas da sua administração.
Mais que isso, se a gente levar em conta que o torcedor é a figura passional, o cara que só age com o coração, muito provavelmente será o primeiro a cobrar de Vilsão nos primeiro contatos. Isso vai impedi-lo de circular livremente e viver a sua vida de torcedor, coisa que anunciou logo que deixou a presidência do Clube. Com este quadro criado, vocês acham que Vilson Ribeiro de Andrade pode frequentar as arquibancadas do Couto, assim como fazemos, sem que seja cobrado por estes últimos acontecimentos? Muito provavelmente não.
Lamentável que a política interna tenha sido a causa disso tudo. Sim, porque administrações anteriores também foram além do orçamento previsto e nada lhes aconteceu. Coisa que Rogério Bacellar não está livre.
Vilson de Andrade teve dois anos de lua de mel com a torcida. Nos dois últimos anos conseguiu apagar tudo de bom que fez, mas não merecia ser tratado desta forma.
Ao cair na imprensa como uma bomba, a notícia da reprovação de suas contas, Vilsão passa a ser tratado como grande vilão da história do Coritiba, o que não é verdade. Não esteve sozinho nas decisões, mas paga sozinho pelos erros.
Com estes fatos, o Conselho Deliberativo oferece à imprensa, gasolina pura, alimentando uma fogueira que sempre lhes agradou sustentar. E disso eu sei muito bem. Grande parcela da imprensa, não mede esforços para crucificar um dirigente, um ex-atleta, tudo em nome da polêmica, da desavença, principalmente quando o alvo é o Coritiba.
Ao não aprovar as contas de Vilsão, o Conselho parece não ter medido a real consequência do mal que faz ao próprio Coritiba, agindo em nome de uma política pequena e provinciana, que legisla em causa própria, com olhos exclusivamente em dividendos próprios, ignorando o clube como prioridade.
Em algum momento alguém por aqui já fez esta profecia: "abram o olho, assim caminhou o Paraná Clube que hoje não encontra soluções para uma crise sem precedentes. Sair deste trilho é a ordem, antes que acabem com o Coritiba".
Somos maiores e temos o exemplo do vizinho. Alguma alma pacificadora precisa aparecer e serenar os ânimos, antes que a situação fuja do controle.
Ainda vivemos o começo da administração de Rogério Bacellar e com ele as coisas precisam mudar de rumo. Fico na torcida para que entre na história do Coritiba, como o presidente que serenou os ânimos políticos no Alto da Glória, e colocou as necessidades do Coritiba acima de tudo.
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