Arquibancada
No meu time, jogador voluntarioso tem lugar, sim. Jogador que respeita a camisa e dá o sangue em campo, eu respeito.
Este perfil tá em extinção no futebol. O torcedor tá cheio de ver altos salários, chinelinhos tirando dinheiro do clube, juntando dinheiro pra assegurar a aposentadoria.
Não é todo jogador que ao ser substituído, porque deu o seu melhor em campo, que sai aplaudido pela torcida.
Na minha época, também de jogador de futebol, mas de rua, das inesquecíveis partidas de bairro contra bairro, ou do pessoal da rua de cima contra o pessoal da rua de baixo, este cara era chamado de grosso, mas porque era raçudo, então tinha lugar no time.
Quem mandava no time, geralmente o mais velho, chamava o grosso pra proteger a defesa ou pra ser mais um beque pra quebrar a bola. Geralmente era o cara que saia todo esfolado, porque dava a alma, salvava bola em cima da risca, saia de mano com o craque do time adversário e às vezes até ganhava uma disputa de bola ou outra. Ninguém nunca ousou reclamar dele porque sempre se doou muito mais que os outros, mas sempre foi o zagueiro ou o volante, mesmo quando jogava contra patrimônio. Até foi tentado no gol, mas não deu certo.
No meu time de adolescente tive vários desses. Foi com o Celso, o Mário, o Marcos e o Adalberto. Lembro bem de cada um.
No Coritiba tem o Robson. Também voluntarioso, roubador de bola, mas é atacante. Sem pontaria, erra o gol, passa errado acerta a arquibancada ao invés do gol adversário. Acerta mais a trave que dentro do gol.
Quem sabe Robson possa ser testado em outra posição. Perdemos um atacante, mas ganhamos um volante ou até um zagueiro? Porque no futebol que tenho na minha cabeça, não dá pra aceitar apenas um jogador que vista a camisa, o voluntarioso. Isso é pouco. Tem pelo menos que dominar os fundamentos de sua posição. Dá pra admitir chutão de um zagueiro ou volante para afastar o perigo que ronda sua área, mas de um atacante tentando o gol, não.
Com pouca inspiração no meio e no ataque, o Coritiba ainda não pode se dar ao luxo de se contentar apenas com voluntariedade, precisa de qualidade.
Nossa régua para avaliações, anda medindo em centímetros. Precisamos avançar alguns metros. Chega de miséria.
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