Arquibancada
Juntei Seleção Brasileira, Dunga, Gilmar Rinaldi, Barcelona, Coritiba e Atlético, o legítimo, o de Madri, e coloquei tudo num mesmo caldeirão. Em água morna fiquei com uma colher de pau, mexendo, e enquanto a sopa cozinha, fui pensando neste estado de coisas que se meteu o futebol.
Primeira conclusão foi tentar fazer uma leitura melhor da Seleção Brasileira, situação pouco comum, que carrega ainda outros ingredientes que deixaram esta sopa mais indigesta.
É que lá está uma comissão técnica desprestigiada, mas que vai levando, empurrando as coisas com a barriga, porque o presidente da CBF, o de verdade - ou que pelo menos deveria ser - Marco Polo Del Nero, se faz de morto, nem respira direito que é para não ser percebido. Quanto menos barulho fizer, melhor será para ele se manter vivo como presidente. O presidente em exercício, um coronel sem nenhuma história que possa lhe render algum respeito no futebol, também está fantasiado de vaso de flor, que só serve para ornar a mesa de reuniões.
Esta seleção virou mesmo um “nada”. Coisa que ninguém mais respeita e ninguém mais quer. Parece que nem mesmo os jogadores fazem mais questão de vestir a “amarelinha”, como disse outro dia Casagrande.
Se você pensa como eu, com o Coritiba acima de tudo, quando o assunto é futebol, deve estar se desinteressando pelo tema. Mas aqui cabem então duas observações de problemas comuns do Coxa e Seleção: treinador e dirigentes. Assim, chego a conclusão que vivemos uma crise técnica, não apenas nos clubes, mas em todo o futebol brasileiro. Por falta de talento, pela incompetência dos dirigentes, muitos interessados apenas em dinheiro, e ainda também temos o problema técnico.
Se Dunga cair, quem deve assumir? Quem seria o cara da vez? Tite parece ser uma unanimidade, mas que certamente não deixaria o Corinthians para pegar esta encrenca que virou a Seleção Brasileira de Futebol. Além dele, não vejo outro nome competente, capaz e disponível, que queira e possa resolver o problema criado por Dunga e sua turma. Se Dunga sair, e Tite convidado, estes dirigentes correm o sério risco de ouvir um NÃO de Tite.
No Coritiba, a gente vive o mesmo problema, só que em escala menor, mas com algo muito semelhante. Nos gabinetes e também tecnicamente.
Treinadores são um problema do Coritiba há muitos anos. A Kleina não será dada nenhuma tolerância, caso não vença o Paranaense. Chegou com a corda do pescoço e assim se mantém até agora. A coisa se acalmou com os últimos resultados. Se vencer o paranaense, e não corresponder nas primeiras rodadas do Brasileiro, volta para a cruz. Uma situação diferente da de Dunga, mas igual a de muitos treinadores pelo país. Não tem pra onde correr.
Ontem, assistindo Barcelona e Atlético de Madri, foi possível ver que a diferença para o futebol brasileiro não é só de talentos, mas também técnico.
Há uma obediência tática impressionante. O que deixa a diferença do futebol jogado entre eles e o nosso, que é de anos luz, mesmo quando os talentosos não brilham, mas obedecem religiosamente o esquema proposto. O que acaba dando personalidade ao time. Coisa que cada um dos grandes clubes europeus possuem. E nestes casos, os treinadores dão o que podemos chamar de “a alma do time”, criando um padrão tático, coisa que aqui só vejo no Corinthians e muito sutilmente em outros três ou quatro clubes, com muita boa vontade.
Não sei se porque não há esta obediência tática, ou os treinadores não conseguem verbalizar o que querem, e com isso acabam não formando o grupo com o que de melhor ele pode dar.
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