Arquibancada
Sei lá há quantos anos, levanto todos os dias na esperança de achar que além do dia, da data, das horas, as coisas também mudem no Coritiba. Muda o calendário, anda o relógio, mas nada acontece. Perda de tempo esta minha esperança? Não sei. Acho que não.
Só sei que lá se vão três administrações, desde que voltei a acompanhar o Coxa mais de perto e por incrível que pareça subimos três degraus e descemos sete.
O primeiro bom mandato de Wilson Riberio, o elegeu para o segundo. Foi o último que ousou seguir em frente porque do jeito que a coisa vai, o senhor também não se colocará a disposição uma segunda vez, assim como Bacellar.
Não sou torcedor do tipo raivoso, mas meu maior defeito talvez seja não conseguir conviver com a falta de humildade. Porque acho que com ela a gente vai longe. É que assim fica mais fácil perceber erros, admite opinião dos outros, sai do pedestal e no mesmo nível de todos, enxerga sob outro ponto de vista. A humildade tira vendas e admite o dialogo, tira a soberba e devolve a igualdade. Falo de humildade de ouvir, não de escutar, a que no mínimo te faz pensar. O poder é o grande caminho contrário a ela. Por ele, tem gente que vende a alma.
Quando elejo alguém a algum cargo, nas eleições tradicionais para o país por exemplo, único poder de voto que tenho, penso sempre nisso. Na humildade se sobrepondo ao poder. Perdi todas as últimas eleições. Nunca acerto. Mas não desisto. Elejo um ou outro candidato, mas sempre é a voz dos que não se somam à maioria e por isso acaba não sendo importante no contexto.
Nunca fui eleitor no Coritiba. Nunca consegui terminar uma administração, pagando minha cota de sócio tendo a certeza e a segurança que financio uma boa administração ao meu clube. Sim, porque aqui o dinheiro vem muito difícil e tenho outras necessidades de sobrevivência, que me impedem de me dar ao luxo de pagar uma cota de sócio, sem que aquele dinheiro me faça falta.
Por isso, ao primeiro sinal de incompetência de uma administração, que julgo não saber gerir o meu dinheiro, destino ele a um fim de primeira necessidade. Nos últimos anos fiz isso umas quatro vezes e farei novamente quantas vezes achar necessário.
Em Bacellar, apostei minhas fichas. Conheci e convivi com a família, com os irmãos principalmente, e achei que o clube estaria em boas mãos. Errei. O erro foi achar que a boa intenção seria o suficiente. Esqueci que o futebol não vive de boas intenções. Honestidade, herança de dignidade familiar não são regras que se aceite em gestão moderna. Que o diga Petráglia no rival, construindo um império e passando a perna em nós na cara dura e ainda posando de bacana.
Mas com Bacellar não aprendi a lição. Voltei a acreditar também no senhor. Nestes primeiros meses de sua administração na presidência do Coritiba, achei que sua juventude e ousadia nos daria folego novo para no final de 2018 começar a bater de frente com os grandes. Errei de novo. Mais uma vez inocentemente esqueci da tal da gestão que precisa estar acima da juventude ousada.
Me sobra acreditar no que digo acima, na HUMILDADE. Mesmo que não caiba em gestão moderna, é pelo menos mais digno. Nos faz cair de pé, com vergonha na cara, olhando de frente, sem medo. O que parece estar fazendo falta no país e no Coritiba.
Quem sabe nossa geração não veja o resultado disso, mas meus filhos e netos possam voltar a ver um país melhor, um Coritiba novamente vencedor.
Se tivermos humildade, entenderemos que no mínimo teremos feito algo, não para nós, mas para um futuro melhor, do país e do Coritiba.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)