Arquibancada
“Nós não entramos em campo nos primeiros 15 minutos. Sofremos um gol muito cedo e, somado ao nervosismo da equipe, nos descontrolamos. Terminamos o primeiro tempo tendo uma boa performance, impondo nosso ritmo e nivelamos o jogo no segundo tempo, quando reorganizamos a equipe e buscamos o empate. Se tivesse que ter um vencedor, pelo que apresentamos na etapa final, teria que ser o Coritiba”.
A frase é do treinador Paulo Cesar Carpegiani, após o empate de ontem no Maracanã, contra o Flamengo. Uma verdade absoluta. Foi exatamente assim que aconteceu. Nem mais e nem menos.
Mas se qualquer um de nós errar em seu trabalho e justificar o erro ao nervosismo, provavelmente teremos mais uma chance de errar e na segunda ganharemos o olho da rua.
Oras bolas, nervoso pode ficar o torcedor na arquibancada, mas o profissional bem pago, não. O cara tá lá cercado de toda assistência psicológica, alimentação boa, treinamento adequado, descanso na hora certa. Não é possível admitir nervosismo numa horas destas. Se contra o Flamengo que não era o jogo da vida deles, ficaram assim, fora de controle, imagina contra o Vitória, na próxima rodada, quando a cobrança será maior?
Este excesso de mão na cabeça do jogador de futebol precisa ter um fim. A maioria não passa de um bando de garotos mimados, irresponsáveis, se achando o último biscoito do pacote.
Sempre há um porém, mas que lá na frente acaba sendo amenizado com o que acabou sendo o desfecho da partida de ontem. A tragédia do primeiro tempo, especialmente dos primeiros 15 minutos, não se justificam e não é possível admitir em profissionais de futebol. Isso só acontece no Brasil. Ou vocês são capazes de lembrar de casos de nervosismos entre clubes grandes na Europa, por exemplo? Jogar mal, errar, estar num dia ruim, dá pra admitir. Até limitação técnica (caso do Coritiba), mas nervosismo não, agora... neste momento não.
Há anos os clubes de futebol adotaram a assistência psicológica. Se este trabalho não tem função numa hora destas, então não sei o que faz um psicólogo dentro de um clube de futebol. Ou o Coritiba não tem mais um Psicologo como funcionário?
Quando terminei de ouvir esta frase acima, dita por Carpegiani, lembrei dos 8 x 1 da Alemanha, na Copa. Nem naquele caso houve nervosismo, mas foi igualmente irritante. Ali houve desatenção, soberba, displicência e humildade para admitir uma inferioridade técnica.
No caso do Coritiba, ontem, contra o Flamengo, houve descontrole emocional, falta de preparo, de comando, de alguém mais maduro que arrumasse o emocional. Acredito eu, na convivência do dia a dia do grupo, isso é possível de detectar. Faltou alguém que pudesse fazer este filtro antes da partida. Papel que geralmente cabe ao treinador, ou de alguém do comando técnico.
Menos mal quando Carpegiani ainda conseguiu arrumar a casa no intervalo. Salvador o gol de Amaral que trouxe esperanças antes que terminasse o primeiro tempo. A sorte e a competência de Kleber que acabaram apagando o descontrole do primeiro tempo, com um gol no finzinho da partida e recolocou o Coritiba nos trilhos da competição, impedindo um "nervosismo" ainda maior para o restante do Brasileiro.
Mais sorte que juízo. A sorte que anda nos salvando. Foi assim nos últimos 180 minutos (Santa Cruz e Flamengo).
Não será possível admitir nova crise emocional na próxima rodada. Não será possível entender mais uma vez um time nervoso. Já estamos até o pescoço de problemas. Time nervoso, com crise existencial é demais.
Raça, boa vontade, vergonha na cara e respeito ao torcedor, são bons remédios para estes problemas, para este restante de ano.
Não estou pedindo uma exibição de gala. Apenas mais um ponto, em casa, contra o Vitória. Não é muito, né?
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