Arquibancada
A gente tem uma tendência de diminuir as coisas que conquista, não é? Depois de certo tempo elas ficam menos importantes e a gente sai atrás de algo melhor, e quando acha, acaba caindo no mesmo processo e assim segue eternamente insatisfeito. No máximo, quando alcança algo difícil, valoriza aquilo por um tempo mais longo, mas depois despreza como todas as outras, e acaba deixando ela igual a todas as anteriores.
Estamos chegando a quase 40 títulos estaduais. Temos um brasileiro, um Fita Azul, Torneio do Povo, dois da série B, sem contar os quase, (Copa do Brasil e outros tantos estaduais) que bateram na trave.
Vai terminar este paranaense e se a gente levantar mais este, esquecemos rapidinho pra sonhar com algo maior: um bi- brasileiro e quem sabe, finalmente uma Copa do Brasil.
Somos tão inexplicáveis com estas coisas que passamos o ano criticando as nossas limitações, falta de um camisa 10, de um goleiro mais seguro, de um lateral direito mais certeiro, e mesmo assim, com todas estas limitações ainda sonhamos alto.
É disso que se alimenta o torcedor de futebol. Mesmo sabendo que não deveria sonhar tão alto assim, ousa e sonha e encara os desafios sem escrúpulos, sem medo. Lá na frente, quando quebra a cara, vê como faz com os cacos que sobram da frustração. E aí mora o primeiro perigo. Alguns se perdem e exageram.
Lembro de uma discussão que tive com um adversário do A. Paranaense, depois do último atletiba. A argumentação do cara era a mais furada possível. Perderam o clássico, pela enésima vez, tomaram mais um banho de bola e o cara arrumando desculpas para mais uma surra, coisa de torcedor. É verdade que eles são especiais. Jamais admitem a inferioridade, mas isso é da rivalidade do futebol e sem isso a coisa perde a graça.
Torcedor é um bicho tão estranho, que briga entre seus iguais. E para muitos, o mais importante é rivalizar, nem que seja com seus iguais.
As pessoas são assim, diferentes, e as opiniões são consequência das nossas características, um detalhe da nossa personalidade, como nossa digital, mas alguns não entendem assim e não aceitam outras opiniões a não ser a dele.
A remodelação do site COXAnautas, previu isso. Alguns comentaristas acabaram sumindo porque agora os comentários são pelo Facebook, o que acaba expondo mais o comentarista. Até onde sei, um novo modelo está sendo feito para se chegar a um jeito que mescle o modelo anterior com o atual.
Faz tempo que deixamos para trás o período da imposição das ideias. Quem não sabe conversar, não vinga, não recebe respeito e acaba excluído.
A estes comportamentos não respondo, simples assim. Ignoro solenemente, mas preciso dizer que conseguem estragar a conversa, como fizeram recentemente aqui mesmo no blog. Desafina, como disse uma leitora. Os exemplos estão por aí, em muitos lugares em salas de debate, como esta “Arquibancada”, por exemplo.
Futebol, religião e política são mestres nesta arte de esquentar debates. Com os raivosos, estes temas ganham ares de luta e às vezes transformam os ambientes em espaços insuportáveis. São os mesmos que espantam famílias dos estádios, também responsáveis pelo sumiço do público das arquibancadas, nestas últimas décadas.
Mesmo assim, com eles e com muitos outros problemas, o futebol sobrevive. Aliás, melhor que antes. Perdeu em qualidade, é verdade, mas mesmo assim está entre as modalidades mais ricas em todo o mundo e a mais bem paga no Brasil.
Como explicar isso, se perdeu em qualidade? Imagino que seja justamente por nossa conta, torcedores. Nossa paixão, alguns sentem amor... e com eles o ódio de poucos fica menor. Só atrapalha em alguns momentos.
Só não dá pra tolerar a violência física. O confronto que muitas vezes faz vítimas inocentes. Mesmo assim, não deixe de ir ao estádio por medo, não abandone seu clube porque poucos não sabem conversar e torcer. O segredo em saber tolerar está na tolerância com quem ainda não entende o que você quer dizer.
Previna-se, faça a sua ida ao estádio um ritual, crie hábitos. Se der certo procure repetir estes hábitos todas às vezes que for ao estádio. A qualquer sinal de aglomeração, de tumulto ou de discussão, fuja em sentido oposto. Precisamos no moldar, aprender a conviver com a violência física e verbal, nos estádios e fora dele.
O futebol ainda é nosso. Ainda estamos em maior número, e isso precisa ser maior que todos os outros problemas que envolvem ele.
Por uma final de Campeonato de festa e com paz entre as torcidas rivais e iguais!
Viva o futebol !
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