Arquibancada
Não tenho o hábito de usar camisa do Coritiba no dia a dia. No domingo passado, contra o Grêmio, decidi ir ao campo com a retrô, do campeonato de 85. Achei que podia dar sorte. Coisa de torcedor.
Contra o Cruzeiro, não pude ir ao Couto. Precisei ficar em casa com minha filha e assistir o jogo pela televisão. Antes lembrei que ainda não tinha usado uma camisa que comprei há um ano. A comemorativa dos 50 anos de Krueger. Puxei da gaveta e pra minha surpresa ainda preserva o cheiro de roupa nova. Pensei comigo, é com esta que vou! Hoje é com ela!
Tenho uma gratidão muito grande com Krueger. Aos meus 14 anos, perdi um irmão para o câncer. Ele tinha 12 anos. Luiz Fernando foi um dos maiores torcedores do Coritiba que conheci. O Coritba era tudo pra aquele menino. Sofria, visceralmente... na derrota ou na vitória. Foram três anos de luta contra a doença.
O destino colocou em nossas vidas uma prima que por acaso descobriu que trabalhava na mesma rua que Krueger. Época do futebol romântico, quando era jogado com amor e por quem tinha muito talento. Por isso, a sobrevivência precisava ser garantida com uma outra profissão. Krueger foi ourives, trabalhava numa relojoaria, na rua São Francisco, quase esquina com a Riachuelo.
Maria Tereza, minha prima, se aproxima do craque da 8 e faz uma amizade que sobrevive até hoje.
Krueger passou a visitar Luiz Fernando no hospital ou em casa com alguma frequência. Em casa quando Luiz Fernando esboçava alguma melhora ou no hospital quando em crise. Krueger sempre estava lá.
Kruguer ainda nos deu de presente seus companheiros. Kosilek, Célio, Hermes, Pescuma, Passarinho, Berto, Nilo... que formavam uma legião de craques no Hospital ou em casa, em visitas que nestes três anos acabaram se tornando rotina. Foi um remédio que certamente prolongou um pouco mais a vida daquele pequeno Coxa-Branca. Em dia de visita em casa, o portão ficava cheio de amigos, também torcedores Coxa, querendo ver de perto o craque. No hospital, o quarto de Luiz Fernando era o mais disputado em dia de visita de Krueger e seus companheiros.
Até hoje mantemos algum contato com Kruger, seja por telefone ou até recentemente quando no dia das mães carinhosamente ia até em casa, entregar flores pra minha mãe.
Por isso, o craque da 8 dos anos 60 e 70, foi muito mais que um jogador de futebol para nós. Ainda é. Dirceu Krueger ajudou a formar uma família que se por tradição já era Coxa, ficou ainda mais, mas agora também por gratidão.
Até o final deste brasileiro, estarei com a 8 que Krueger vestiu durante anos. Quem sabe toda aquela energia possa encarnar no espírito deste time, nesta sequência difícil que temos daqui pra frente neste brasileiro.
Coisa de torcedor.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)