Arquibancada
Se você fizer uma busca pelas redes sociais e aqui mesmo no COXAnautas, as palavras medíocre e vergonha são as mais usadas para definir o vexame de ontem, em Joinville – o enésimo do Coritiba neste campeonato, que teima em não acabar. Que dura anos e dele parece ser difícil se livrar. Lembra aqueles pesadelos que a gente acorda suado, com a clara sensação de ter sido real.
Diante de todas as manifestações aqui colocadas, resta muito pouco, ou quase nada para dizer, ou lamentar.
Ontem tive um compromisso à noite e acompanhei o desenrolar da partida pelo celular, lendo as manifestações dos amigos nas redes sociais. Em certo momento me desliguei do jogo porque as notícias já eram desesperadoras e terminaria de estragar minha noite, como certamente estragou a de vocês, mais uma vez, como muitas outras vezes este ano.
Aos poucos fui sendo tomado por um sentimento ruim, um misto de vergonha e de cansaço. Me flagrei dizendo pra mim mesmo: “não há novidade. Por que isso ainda é capaz de me deixar assim? Não procurei resposta. Não me aprofundei na questão. Simplesmente porque a situação não merece. Estes caras que trouxeram para trabalhar no Coritiba, não merecem nem mais a minha indignação. Tenho como solução apagar este período da minha vida e retomar quando as coisas melhorarem.
Ainda hoje, vendo os lances do jogo, voltei a me indignar. Gols bobos, falta de tesão, de sangue nos olhos, de respeito pelo torcedor e até pela própria profissão que cada um deles escolheu para viver. Me refiro a todos. Desde atletas, comissão técnica e dirigentes. Tá tudo mesmo virado empacotado e definido. Daqui pra frente me dou ao direito de não mais acompanhar este restante da morte anunciada, mesmo ainda acreditando que seja possível a fuga do rebaixamento, porque existe coisa pior que este time, aí pela frente neste brasileiro.
Mas duas lembranças me chamam atenção neste momento: a primeira é esta promoção para pagamento à vista dos vários planos de sócios, para provavelmente fazer um caixa. Pretendem com isso começar o ano de 2016 com mais dinheiro do que o previsto no orçamento do clube. Será que não é possível associar uma coisa a outra? Ou acham que agora, mais do que nunca, os sócios vão se mobilizar, se sacrificando, tirando um dinheiro que já tá difícil, para financiar esta pouca vergonha?
A segunda questão é uma imagem que me veio quando vi a imagem do Kleber batendo aquele pênalti.
No período que trabalhei em televisão, frequentei muito os treinos do Coritiba. Na época o CT ainda estava em construção. Todos os treinos aconteciam no Couto. O pessoal da imprensa ficava atrás dos gols, esperando o trabalho terminar para depois gravar com o boleirada. Certo dia eu estava atrás do gol dos fundos, e com uma bola fazia embaixada. Eu era bom naquilo. O treino termina e Rafael Camarota, nosso goleiro naquele período, brinca comigo me dizendo que eu devia fazer um teste no clube. Ainda com abola no ar chutei nas mãos dele. Ele segurou, me olhou e disse: - “ Vamos lá pro gol! Bota a bola na marca do pênalti e me bata três. Se uma das delas entrar, te pago uma Coca –Cola”. Achei mole, das três uma entraria, claro. Bati as três e ele pegou as três. A primeira bati no meio do gol. Ele nem se mexeu. Deu risada e disse que daquele jeito seria fácil.
Claro, eu estava de sapato, calça e diante de um dos melhores goleiros do Brasil, Campeão Brasileiro e apontado como um dos principais responsáveis por aquele título de 1985. Mas perdi a Coca para o Rafael.
Ontem, Kleber lembrou as minhas cobranças de pênalti em Rafael. Um amador diante de um profissional. Amedrontado, displicente, que parecia ter em jogo apenas uma Coca-Cola, não a responsabilidade que deveria ter, ao vestir a camisa do Coritiba, espacialmente na situação em que está. Assim, com este comportamento, sobra muito pouco para convencer o torcedor do contrário.
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